Antes de tudo, não quero colher méritos pelo que não mereço. Quem inventou o termo “corona mangá” não fui eu, mas Ryan Holmberg, em artigo publicado no “The Comics Journal” – ele também usa o termo “corona cartoons”, mais abrangente.

A arte pode ser usada tanto para escapismo quanto para refletir a realidade – tem espaço para tudo, sempre. O que Holmberg fez foi observar que os mangakás estão agindo com muita velocidade ao isolamento e à pandemia: assim, eles estão alimentando as redes sociais (Instagram e Twitter, principalmente) com arte inspirada pelo momento terrível que vivemos.

E, para ficar claro: o termo “corona mangá” não é usado de maneira depreciativa. Apenas designa um quase “subgênero” que tem tudo para crescer nos próximos meses: a arte influenciada pelo coronavírus.

Separei, para este texto, alguns exemplos do “corona mangá” (o logo acima deste parágrafo acima é uma brincadeira com a clássica “Sazae-san”, que eu abordo aqui).

Holmberg conta que muitos desses mangás têm uma função instrutiva: direta ou indiretamente, estão dizendo para os leitores ficarem em casa e respeitarem o isolamento social. É o caso da ilustração abaixo, inspirada no histórico mangá “Rosa de Versalhes” (que eu abordo aqui). Nesta cena, há uma crítica a que os mais endinheirados podem fazer home office, enquanto os mais pobres são obrigados a sair na rua para trabalhar, com todos os riscos de contágio que isso implica.

Muitas outras criações inspiradas na Covid virão, com certeza, e em todos os tipos possíveis de arte. Que nos ajudam e refletir sobre estes tempos – ou a sobreviver a eles.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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