Antes de tudo, não quero colher méritos pelo que não mereço. Quem inventou o termo “corona mangá” não fui eu, mas Ryan Holmberg, em artigo publicado no “The Comics Journal” – ele também usa o termo “corona cartoons”, mais abrangente.
A arte pode ser usada tanto para escapismo quanto para refletir a realidade – tem espaço para tudo, sempre. O que Holmberg fez foi observar que os mangakás estão agindo com muita velocidade ao isolamento e à pandemia: assim, eles estão alimentando as redes sociais (Instagram e Twitter, principalmente) com arte inspirada pelo momento terrível que vivemos.
E, para ficar claro: o termo “corona mangá” não é usado de maneira depreciativa. Apenas designa um quase “subgênero” que tem tudo para crescer nos próximos meses: a arte influenciada pelo coronavírus.
Separei, para este texto, alguns exemplos do “corona mangá” (o logo acima deste parágrafo acima é uma brincadeira com a clássica “Sazae-san”, que eu abordo aqui).
Holmberg conta que muitos desses mangás têm uma função instrutiva: direta ou indiretamente, estão dizendo para os leitores ficarem em casa e respeitarem o isolamento social. É o caso da ilustração abaixo, inspirada no histórico mangá “Rosa de Versalhes” (que eu abordo aqui). Nesta cena, há uma crítica a que os mais endinheirados podem fazer home office, enquanto os mais pobres são obrigados a sair na rua para trabalhar, com todos os riscos de contágio que isso implica.
Muitas outras criações inspiradas na Covid virão, com certeza, e em todos os tipos possíveis de arte. Que nos ajudam e refletir sobre estes tempos – ou a sobreviver a eles.