Tanto a DC quanto a Marvel têm poucos personagens brasileiros entre seu rol de super-heróis. Hoje, Yara Flor, a Moça-Maravilha, é quem faz mais sucesso entre as da DC, mas há uma com muito mais história dentro da editora: Beatriz Bonilla da Costa, a Fogo. Eterna coadjuvante, ela finalmente vai ter um título para chamar de seu. A DC anunciou para setembro a minissérie em seis partes “Fire & Ice: Welcome to Smallville” (em tradução livre, “Fogo & Gelo: Bem-vindas a Smallville”).

A Fogo surgiu em 1979, criada por E. Nelson Bridwell e Ramona Fradon, em uma revista ligada ao desenho animado dos Superamigos. Na época, atendia pelo nome de Fúria Verde e tinha poderes místicos, como o de criar ilusões. Seu uniforme era bem interessante, claramente inspirado na bandeira brasileira.

Uma coadjuvante bem coadjuvante, a então Fúria Verde fez aparições esporádicas nas histórias da DC, mudando de codinome (virou Flama Verde), de uniforme e passando a fazer parte de um grupo de super-heróis também coadjuvante: os Guardiões Globais.

A “carreira” da Flama Verde mudou em 1988, quando passou a fazer parte da Liga da Justiça. Foram dez anos aparecendo mensalmente na revista do maior supergrupo da DC, com direito a troca de codinome (virou Fogo) e de uniforme (algumas vezes). Uma constante nesta trajetória foi sua melhor amiga: a heroína norueguesa Gelo, que era praticamente seu oposto.

Fogo e Gelo eram praticamente opostas: se a brasileira tinha poderes iguais ao do Tocha Humana (da rival Marvel), a noruguesa tinha poderes congelantes. Se a Fogo era vaidosa, arrogante, hilária, a Gelo era tímida, humilde, sensível. Era a fase cômica da Liga da Justiça, e as histórias eram aventuras engraçadas e despretensiosas – escrevi sobre este período divertidíssimo em minha coluna semanal na TV Cultura (imagem abaixo).

A parceria acabou quando a Gelo morreu (não se preocupe, super-heróis não ficam mortos por muito tempo). Fogo passou a aparecer em histórias do supergrupo de espionagem Xeque-Mate, e foi sumindo até voltar ao ostracismo.

A julgar pela sinopse divulgada pela editora, elas voltam ao clima descontraída da Liga da Justiça onde se projetaram. Após uma missão que termina em um fiasco, Superman coloca as heroínas, digamos, de “castigo” em sua cidade-natal, Smallville. Enquanto a pacata Gelo leva numa boa, a inquieta brasileira quer ver o circo pegar fogo, metaforicamente falando (espero).

Com roteiro de Joanne Starer e arte de Natacha Bustos, o primeiro número de “Fire & Ice: Welcome to Smallville” sai em setembro nos EUA e ainda não tem previsão por aqui.

Estou louco para ler.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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