Quando eu era criança, era mais claro para mim descobrir se uma HQ era dos EUA ou da Europa pelo personagem do que pelos autores. Superman, Batman etc. eram dos EUA – e eram muito mais acessíveis para mim tanto pelo preço (os formatinhos eram mais baratos) quanto pelo conteúdo. Os personagens europeus eram mais inacessíveis: um livro do Asterix (ou Tintim, Lucky Luke…) era bem mais caro do que um gibi da Liga da Justiça. E quanto ao conteúdo… não era fácil para mim comprar livros da Valentina ou da Barbarella. O que, claro, só aumentava meu interesse.

Aos meus olhos infantis, Barbarella e Valentina não eram apenas quadrinhos para adultos: eram clássicos! Ambas eram dos anos 60 (Barbarella, 1962; Valentina, três anos depois) e não havia versão modernas delas. Ou você encontrava aqueles livros caros (e antigos) à venda, ou nunca teria acesso a este material.

Levei um tempão para conseguir ler as fantasiosas aventuras da Barbarella (lembro do anjo cego voando…), criação máxima do francês Jean-Claude Forest. Mais tempo ainda para assistir à comédia de mesmo nome dirigida por Roger Vadim e estrelada por Jane Fonda. Para mim, a personagem sempre foi associada à cultura francesa. Por isso, fiquei surpreso ao saber que a Barbarella tem sua versão americana desde… 2017!

Ou seja, a editora Dynamite publica nos EUA, desde antes da pandemia, uma nova leva de histórias da aventureira futurista. Não se trata de tradução: são HQs novas, criadas por artistas experientes, como Mike Carey (de “Lúcifer”).

Fiquei sabendo disso ao ler no The Beat que a Dynamite vai lançar neste mês “Barbarella – The Center Cannot Hold” (em tradução livre, “Barbarella – O centro não se sustentou”), uma nova leva de histórias roteirizadas por Sarah A. Hoyt, escritora americana nascida e criada em Portugal.

Um trecho da sinopse da editora:

Barbarella e seu amigo Vix partem para o mundo natal da curiosa criatura para tentar impedir uma guerra entre os Arquitetos e seu antigo inimigo, o temível Inominável. A grande quantidade de vidas que serão perdidas em uma guerra entre duas grandes potências galácticas é quase impossível de calcular.

Sarah já havia roteirizado Barbarella antes. A série agradou, daí ela ter a oportunidade de criar este novo arco, uma continuação direta. Será que esta nova interpretação da icônica Barbarella vai aparecer aqui no Brasil?

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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