O tempo não para, cantava Cazuza. Nem o mundo, apesar da Covid. E muito menos a Arte. Nós, fãs de quadrinhos, teremos o lançamento de muitas novidades aqui no Brasil em 2021. É um risco, claro, tentar acertar quais vão ser as mais impactantes. Mas, de hoje até sexta, vou destacar aqui, diariamente, as que mais me saltaram aos olhos. Hoje, uma obra de super-heróis; amanhã, quadrinhos europeus; quarta, mangá; quinta, comix americanos que não são de heróis; e sexta, um representante das HQs brasileira.
E começo com uma obra de Alan Moore. Não inédita, infelizmente, uma vez que ele se aposentou dos quadrinhos – de novo. Ele reclama, se aposenta, reclama, volta, reclama, se aposenta, reclama, volta… Daqui a pouco, teremos mais material novo dele vindo por aí. Espero.
O que volta a sair no Brasil (e até já está em pré-venda) é “Miracleman”, uma das mais interessantes obras do gênero de super-heróis.
Uma curiosidade: Miracleman, o super-herói que dá nome à revista, se chamava Marvelman. Verdade seja dita, é um plágio discarado do Capitão Marvel – a história é divertida, vale a pena ler aqui.
Quando Alan Moore pegou a revista para escrever, quis levar Miracleman além do Capitão Marvel – e acabou levando-o ao extremo do gênero dos super-heróis.
Se nenhum exército do mundo pode te derrotar, o que vai te impedir de assumir a Justiça com as próprias mãos e se char superior às legislações dos países?
Se algo que você faz sem o menor esforço, como voar ou levantar um tanque com uma das mãos, é visto como um milagre, por que não se enxergaria como um deus? O que te impediria de aceitar uma religião em que você é a divindade suprema?
Se o esforço de qualquer ser humano – seja ele físico ou intelectual – é risível ou enfadonho para você, por que você ainda se importaria com a vida de uma pessoa desconhecida?
Esta é a segunda vez que a Panini lança Miracleman no Brasil. Na primeira, a fase de Moore saiu completa, em edições mensais. Ficou faltando a segunda fase do personagem – escrita por Neil Gaiman e tão espetacular quanto a primeira.
Quem sabe se agora, com as histórias saindo em volumes encadernados, os leitores brasileiros não conseguem ter acesso a um pouco mais da maravilhosa mitologia de Miracleman?