Halloween. Lá nos EUA, fantasias, abóboras iluminadas e muitos doces. Confesso que sinto inveja apenas do último item… Mas, OK, vamos aproveitar a data e falar de terror!
Semanalmente, uso o Sábado Sessão Saudade para indicar três quadrinhos bons que sejam bem diferentes entre si, mas que tenham algo em comum. Hoje, uma HQ das grandes editoras (DC Comics), uma europeia e outra que começou independente, mas foi para a TV e faz um belo sucesso.
“A Saga do Monstro do Pântano”, de Alan Moore e vários
Quando o britânico Alan Moore assumiu a revista mensal do Monstro do Pântano, este era um personagem pouco conhecido. Eu diria até de terceira divisão.
Moore redigiu sagas longas, intricadas e espetaculares – sem falar que foi aí no meio que criou o então coadjuvante John Constantine. “Gótico Americano”, a primeira grande saga, é pontuada por histórias fenomenais, como a visão de Moore para o mito do lobisomem e sua homenagem à primeira versão do Monstro do Pântano. A conclusão da saga, misturando personagens obscuros como Zatara, Barão Winter, Sargon etc, é antológica.
Reli o primeiro parágrafo e encontrei os adjetivos “espetaculares”, “fenomenais” e “antológica”. Peço perdão pelo exagero… e os mantenho.
Depois de “Gótico Americano”, Moore consegue, sei lá como, manter o ritmo. “Meu Paraíso Azul” é minha história favorita do personagem, mas não tenho como a descrever sem estragar o prazer da leitura. De qualquer maneira, recomendo a saga inteira.
Quando, no final de 1987, Moore deixou a revista, o Monstro do Pântano estava consolidado como um dos maiores sucessos de crítica e público da editora. Ele abriu o caminho de que as histórias de super-heróis poderiam mirar o leitor adulto. Foi graças ao Monstro do Moore que a DC criou o Vertigo, um selo com histórias voltadas ao “público maduro”. Grant Morrison, Peter Milligan e Neil Gaiman trilharam essa rota aberta pelo barbudo ranzinza.
“Dylan Dog”, de Tiziano Sclavi e outros
Há um detetive britânico que investiga apenas casos paranormais: Dylan Dog. A premissa é batida? Sim, mas as histórias… O italiano Tiziano Sclavi criou um universo divertido, assustador e surreal, com personagens carismáticos e aventuras que não perdem o ritmo. Vale muito a pena.
“Os Mortos-Vivos – The Wallking Dead”, de Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlar
Robert Kirkman é um baita roteirista, especialmente quando cria seus próprios universos. É o caso de “Invencível”, sua incursão ao mundo dos super-heróis, e “Os Mortos-Vivos”, sua série de terror. Duvido que você não conheça a série da TV, mas vou fazer um resumo mesmo assim: policial acorda do coma e descobre que a maior parte da população humana foi transformada em zumbis (embora este termo não seja usado). Não há mais governo, meio de comunicação, indústrias… Quando a sociedade se desmorona e qualquer passo em falso pode significar sua morte (ou pior: a conversão em morto-vivo), que atos te mantêm humano?
Kirkman conhece bem as convenções dos quadrinhos mensais – para poder atropelá-las sem piedade. Não à toa, “Os Mortos-Vivos” foi eleita por quatro anos seguidos a melhor série contínua do Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos norte-americanos.