Acho que já comentei isso aqui no Hábito de Quadrinhos:  quando eu estava na sétima série, a professora de português pediu uma redação sobre nossos ídolos. Eu escrevi sobre um quadrinista: John Byrne. Fiquei orgulhoso quando ela leu meu texto para a classe – achei que tinha escrito bem! Só depois eu entendi: fui o único menino a não escrever sobre um jogador de futebol…

O que me tornou fã do anglo-canadense John Byrne foi a sua fase à frente do Quarteto Fantástico. Por cinco anos, Byrne escreveu e desenhou histórias incríveis com a “primeira família” do Universo Marvel. Os poderes elásticos de Reed Richards quase sumiram: o que importava era a sua inteligência. O mesmo vale para a coragem de Sue Richards, a nobreza de Ben Grimm, a impulsividade e o bom coração de Johnny Storm…

Há muito tempo não releio essas histórias. Anos. Talvez mais de uma década. De cabeça, lembro de passagens memoráveis:

  • A fase em que o Quarteto Fantástico viaja para uma dimensão paralela chamada Zona Negativa, onde tudo é estranho e diferente – não à toa, Byrne mudou o layout das páginas, e você tinha que virar a revista na horizontal para ler (o que só ampliava a situação de estranhamento);
  • “Herói”, a tristíssima história em que o Tocha Humana tenta entender a morte de um menino solitário;
  • Outro roteiro bem humano: Sue Richards está grávida, e seu bebê corre risco. O papai Reed é o homem mais inteligente do mundo, mas radioatividade não é o forte dele. A quem pedir ajuda? A Doutor Octopus, o supervilão conhecido por suas batalhas contra o Homem-Aranha;
  • A enigmática “Terror em uma Pequena Cidade”, em que… não, sem spoiler.

Não à toa, o Quarteto Fantástico de Byrne foi uma das 20 HQs que mais me influenciaram. Por isso fiquei tão feliz ao ver que a editora Panini vai lançar, no final do ano, uma super-edição destas histórias.

Aliás, quando falo “super”, não estou exagerando. São mais de mil páginas! Não me lembro, de cabeça, de uma edição tão volumosa de quadrinhos aqui no Brasil. São 40 histórias distribuídas em 1.096 página. O preço, claro, é alto: R$ 399. Adoraria ter, mas… R$ 399?

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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