O BD Angoulême, mais prestigioso festival de quadrinhos da Europa, anunciou ontem (25) o vencedor do Grande Prêmio de Angoulême: o francês Riad Sattouf, de “O Árabe do Futuro”, série autobiográfica em seis volumes (o último, lançado em novembro passado na Europa, ainda é inédito no Brasil).

Sattouf e BD Angoulême se conhecem de longa data. O francês é um dos poucos artistas a ter sido reconhecido como autor de álbum do ano do festival (o Fauve d’or) em duas ocasiões diferentes: em 2010, pelo cômico “Pascal Brutal”, e em 2015, pelo volume de estreia de “O Árabe do Futuro”.

Filho de pai sírio e mãe francesa, Sattouf passou a infância entre Líbia, Síria e França, e retrata este período em “Árabe do Futuro”. Sua autobiografia traz temas duros e por vezes difíceis, mas quase é registrado com beleza e, quando possível, leveza.

Os cinco primeiros volumes de “Árabe do Futuro” estão disponíveis no Brasil pela Intrínseca – e não são difíceis de encontrar. Abaixo, reproduzo a sinopse da primeira edição:

“Nascido na França em 1978, filho de pai sírio e mãe bretã, Riad Sattouf viveu uma infância peculiar. Ele tinha apenas três anos quando o pai recebeu um convite para lecionar em uma universidade da Líbia. Em Trípoli, o menino entrou em contato com uma cultura completamente distinta e precisou superar o estranhamento diante de novos costumes — experiência que se repetiria pouco depois na Síria, quando o pai foi trabalhar lá.

Com o olhar inocente de uma criança, Riad oferece um importante relato sobre os contrastes entre a vida plácida na França socialista de Mitterrand e os regimes autoritários na Líbia de Kadafi e na Síria de Hafez al-Assad. A partir de suas próprias lembranças e sensações, o autor descreve como foi adaptar-se a realidades tão díspares e mostra detalhes de sua vida em família e da relação com outras crianças.

O árabe do futuro é um relato literário pleno em forma de graphic novel: com traço simples e narrativa fluida e descontraída, Riad fornece ao mesmo tempo uma análise antropológica do embate entre o Ocidente e o mundo árabe e um autorretrato de sua própria infância plural.”

ps – Sattouf também é autor de um dos pôsteres da edição deste ano do festival, que reproduzo abaixo.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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