Alguns dias atrás eu estava pensando em fotos para colocar no Instagram e me toquei de uma coisa: sinto cada vez mais a necessidade de estudar e refletir sobre democracia.
Por isso, hoje vou sugerir quatro quadrinhos, completamente diferentes entre si, sobre esse tema: um brasileiro, um europeu, um norte-americano e um mangá.
“Democracia”, de Alecos Papadatos, Annie Di Donna e Abraham Kawa
É difícil chegar por aqui alguma HQ grega, não é? Pois temos aqui um belo exemplar que se propõe a discutir a origem da democracia – o subtítulo é “Uma história sobre a coragem de mudar o mundo”. Tema denso, livro idem… ótimo resultado.
O grego Papadatos e a franco-argelina Di Donna também está por trás de “Logicomix”, graphic novel igualmente densa e ótima, mas sobre filosofia.
“Maus”, de Art Spiegelman
Escrito e desenhado por Art Spiegelman, norte-americano nascido na Suécia, “Maus” é um brilhante relato autobiográfico do filho de um sobrevivente traumatizado do Holocausto.
A história se passa em dois momentos: o passado é narrado por Vladek, o pai de Art, que relembra o período em que teve de sobreviver a nazistas e campos de concentração.
No presente, Art vê em Vladek as consequências de um trauma tão desumano quanto o nazismo. Ao mesmo tempo, reflete sobre sua relação com o pai.
Foram publicados dois volumes de “Maus”, ambos brilhantes. Não à toa, venceu tantos prêmios. Citarei só alguns:
- Prêmio Pulitzer (1992)
- Festival de Angoulême – melhor álbum estrangeiro em 1992 (pelo primeiro volume) e 93 (pelo segundo)
- Eisner Awards – reimpressão de graphic álbum (1992)
“O Golpe de 64”, de Oscar Pilagallo e Rafael Campos Rocha
Livro de não-ficção detalhado e bem documentado que, como o título entrega, mostra como foi dado o golpe de 1964. O roteiro é ótimo, bem como a pesquisa que o ampara. O capítulo de contextualização, com os antecedentes, me impressionou muito.
No Brasil de hoje, essa aula de história é cada vez mais necessária.
“Adolf”, de Osamu Tezuka
Uma das melhores obras do “deus-mangá” Tezuka, “Adolf” é bem diferente dos seus trabalhos voltados para o público infantil – e que são bem mais famosos.
Dois jovens alemães chamados Adolf são amigos nos anos 30 do século passado. Um deles é judeu e o outro, não. Eis que um terceiro Adolf (Hitler) surge e leva a Alemanha (e o mundo) para uma desumana, insana e inacreditável guerra.
Agora ex-amigos, os dois Adolfs são colocados em lados opostos da disputa nesta obra que mescla suspense e drama.