Quando soube que haveria uma HQ nacional que abordava o tema “maconha”, lembrei imediatamente de Capitão Presença, o super-herói maconheiro de Arnaldo Branco. As tiras eram hilárias! Mas depois, quando soube do que se tratava, vi que era algo completamente diferente. E inédito nos quadrinhos nacionais.

Daniel Paiva está lançando, pela Brasa Editora, o livro-reportagem em quadrinhos “Diamba – Histórias do Proibicionismo“. Ou seja, é um HQ de não-ficção que aborda a proibição da cannabis no Brasil, passando por casos divertidos (como o Verão da Lata) a coisa bem mais séria, como o jovem que foi preso porque usava um boné estampado com o desenho da folha da cannabis.

Abaixo, a sinopse da editora:

“A partir de uma notícia de jornal, que contava sobre um jovem preso apenas por estar usando um boné estampado com a folha da cannabis, Daniel inicia a narrativa descontínua, partindo de uma dura da polícia em uma favela, que poderia estar em qualquer grande cidade do Brasil, costurada por letras de músicas, onde flashbacks conduzem o leitor por diversos fatos históricos desde os primeiros registros do uso da maconha na China antiga, passando pelas grandes navegações, a colonização das Américas, a escravidão, até chegar ao proibicionismo do século XX, à Guerra às Drogas e à discussão da legalização das drogas nos dias de hoje.

O quadrinho traz também vários casos ocorridos em decorrência da proibição, como as prisões de artistas como Gilberto Gil, Rita Lee e a banda Planet Hemp. Também conta o surreal Verão da Lata, em 1987, quando um navio derramou vinte e duas toneladas de latas de maconha no litoral brasileiro. E o Verão do Apito, em 1996, quando os banhistas do Posto 9, em Ipanema, usaram apitos para avisar aos fumantes que a polícia estava se aproximando.

O documentário em quadrinhos, Diamba, é um manifesto anti-racista, pela legalização da maconha no Brasil e pelo respeito às liberdades individuais. Expõe nossas feridas históricas e coloca o antiproibicionismo em debate. Nos leva a refletir o porquê da proibição de uma planta que tem a sua história entrelaçada com a história da humanidade, com benefícios medicinais comprovados pela ciência, com novas características curativas sendo descobertas a cada mês. O uso industrial do cânhamo como a possibilidade de substituir o plástico. E, por fim, uma planta cujo uso recreativo é inofensivo, agregador e criativo.”

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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