Na minha geração, “Coração das Trevas” é, infelizmente, mais conhecido como o romance que deu origem a “Apocalipse Now”, filmaço do Francis Ford Coppola. Mas é bem mais do que isso.
Joseph Conrad é um grande autor, e o drama “Coração das Trevas”, sua obra-prima. Trata-se de um drama intenso, pesado e, para surpresa de quem viu o filme antes, ambientado na África, e não na Ásia.
E o que estes comentários sobre literatura e cinema estão fazendo em um site sobre quadrinhos? Simples: a Companhia das Letras está lançando “Coração das Trevas” (tradução de Érico Assis), uma adaptação feita pelo versátil e talentoso Peter Kuper.
Kuper ficou famoso pela série cômica “Spy vs. Spy”, composta por histórias de uma página lançadas na revista “Mad”. Depois, foi mostrando que ia além do humor em obras como “O Sistema”, lançado pela Vertigo (o selo adulto da DC Comics) e, minha obra preferida dele, “Ruínas”.
Abaixo, a sinopse da editora para a adaptação de Kuper:
“Clássico moderno absoluto, Coração das trevas arrebatou gerações de leitores desde sua publicação no final do século XIX, numa série de três capítulos na Blackwood’s Magazine, e em livro em 1902. Na trama — que inspirou uma das obras-primas do cinema: Apocalypse Now, de 1979, dirigido por Francis Ford Coppola — o inglês Charles Marlow desembarca no Congo Belga para transportar marfim num barco a vapor. À medida que se embrenha rio adentro, a atmosfera lhe parece cada vez mais estranha e hostil. Ao encarar o desafio de adaptar a história de Marlow para os quadrinhos, o premiado Peter Kuper alcançou um equilíbrio assombroso ao preservar elementos centrais do enredo de Conrad ao mesmo tempo em que destaca as armadilhas da visão colonialista. Imagens inesquecíveis ganham vida no traço hábil de Kuper. Um personagem como Kurtz — comerciante de marfim cuja envergadura parece quase mítica, e a quem Marlow tem de resgatar — surge especialmente insondável e fascinante. O resultado é uma adaptação capaz de comover os entusiastas de Conrad e de guiar quem acaba de imergir nas profundezas desta narrativa extraordinária.”