Há muitas e muitas revoluções na história dos quadrinhos. Acredito que hoje estamos vivendo dois momentos históricos ao mesmo tempo: a implementação das ferramentas de IA (inteligência artificial) e a consolidação dos webtoons.

Sobre o primeiro, é muito cedo para termos uma visão do que está acontecendo. Sobre os webtoons… eles estão se consolidando cada vez mais (recomendo este artigo do Érico Assis: “Webtoons, os quadrinhos mais lidos do mundo“. Sobre o segundo, temos uma novidade que promete mexer com o mercado.

Antes, um comentário sobre a diferença entre webcomics e wentoons. Webcomics são quadrinhos feitos pensados originalmente para a internet. Webtoons, também! Mas os webcomics são pensados em formato de páginas, enquanto os webtoons dão um passo além: são criados de olho num scroll infinito. Dois passos além, se você pensar que alguns deles têm até trilha sonora ou pequenas animações. Mas, no fundo, webtoons não deixam de ser webcomics.

Sobre a novidade citada dois parágrafos acima: vi no The Beat que a Shueisha planeja, para o ano que vem, entrar de sola no mercado dos webtoons. E isso é importante porque a Shueisha é uma das duas editoras gigantes do Japão (a outra é a Kodansha), onde nasceram, entre tantos outros títulos de sucesso, “One Piece”, “Naruto” e “Chainsaw Man”.

A DC, uma das gigantes do mercado americano, já vem molhando os pezinhos no oceano dos webtoons com títulos como “Batman: Wayne Family Adventures” (“Batman: as aventuras da família Wayne”, em tradução livre. Mas o projeto da Shueisha parece maior. Já começa, inclusive, procurando novos autores com uma premiação específica para webtoon, o Jump Toon Award, que pagará um milhão de ienes ao vencedor (cerca de RS 35 mil).

O mundo dos webtoons, de uma maneira geral, já vem crescendo muito bem. Mas a entrada de alguém com tanto peso como a Shueisha, e o gigantesco leitorado japonês, pode movimentá-lo consideravelmente. A ver os próximos passos desta história que está sendo narrada, em tempo real, com scroll infinito.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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