Li recentemente um artigo que trouxe reflexões bem interessantes sobre edição e tradução. O ponto de partida são os quadrinhos africanos, mas, claro, nos faz pensar sobre HQs de qualquer lugar do mundo. O nome é “Edição e tradução de quadrinhos africanos: relato de uma experiência“, de Márcio dos Santos Rodrigues e foi publicado no nº 9 do “Cadernos de África Contemporânea“.

Não vou resumir o artigo aqui, apenas trazer algumas questões que ele apresenta:

  • É aceitável o termo “quadrinhos africanos”? Diz o autor: “Trata-se de uma invenção mercadológica para um conjunto de obras de um cenário variado, de autores de 54 diferentes países. Seu uso não deve ser tomado acriticamente, justamente pelo fato de o termo não dar conta de expressar todas as diferenças culutrais entre artistas, que, por vezes, não se referem a si próprios como africanos.”
  • “Nem tudo precisou ser traduzido e discordo em gênero, número e grau de tradutores que consideram que tudo é traduzível. Há experiências que, por não serem universais, não podem ser traduzidas nos termos de nossa cultura ou pelo menos bem traduzidas por várias razões. Particularmente, todo antropólogo, historiador ou filósofo, em particular, se deparou com situações de intraduzibilidade, ao examinar contextos, inclusive próximos de nossa cultura.”
  • “Quadrinhos produzidos pelos pórpiros autores africanos podem contribuir para mudanças nas percepções que temos do continente, mas servem também para introduzir reflexões sobre como nosso meio editorial ainda não sabe lidar com culturas diferentes. Para além da dimensão mercadológica, a tradução de obras em quadrinhos de autoria africana deveria contribuir para que se conheça a diversidade de culturas do outro lado do Atlântico.”

Para ler o artigo na íntegra, basta clicar aqui.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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