A Mafalda é um dos maiores personagens de quadrinhos do mundo. Tão gigante que quase esquecem que seu criador, o argentino Quino (1932-2020) é genial também em suas outras criações.

Quino já publicava cartuns antes mesmo de a Mafalda “nascer”. Seu primeiro livro, “Mundo Quino”, saiu e 1963 e é a sua primeira (de muitas) coletâneas de cartuns – a estreia da Mafalda seria apenas no ano seguinte.

Quando digo que foram muitos livros coletando cartuns do Quino, é porque ele manteve-se na área por décadas e décadas. Mesmo quando aposentou a Mafalda, em 1973, Quino manteve seu olhar hilário sobre a sociedade representado em cartuns – criou-os constantemente até 2009, quando se aposentou. E nunca deixou de ser crítico: seus desenhos foram poderosos até o fim.

“Minhas charges mostram sempre situações de uma pessoa mais poderosa ou rica frente a outra mais humilde ou pobre”, me contou ele durante uma entrevista feita em 1999. A sociedade que ele enxergava era cruel e injusta – infelizmente, isso ainda não mudou.

Tudo isso para dizer que a Martins Fontes lançou este mês “Mundo Quino“. Para quem conhece “apenas” a Mafalda, fica a dica para dar uma chance a este outro lado do Quino. A sociedade cruel e injusta que ele retratou até que tem seus bons momentos – como quando pariu um artista como Joaquín Salvador Lavado Tejón, o nosso Quino.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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