A Mafalda é um dos maiores personagens de quadrinhos do mundo. Tão gigante que quase esquecem que seu criador, o argentino Quino (1932-2020) é genial também em suas outras criações.
Quino já publicava cartuns antes mesmo de a Mafalda “nascer”. Seu primeiro livro, “Mundo Quino”, saiu e 1963 e é a sua primeira (de muitas) coletâneas de cartuns – a estreia da Mafalda seria apenas no ano seguinte.
Quando digo que foram muitos livros coletando cartuns do Quino, é porque ele manteve-se na área por décadas e décadas. Mesmo quando aposentou a Mafalda, em 1973, Quino manteve seu olhar hilário sobre a sociedade representado em cartuns – criou-os constantemente até 2009, quando se aposentou. E nunca deixou de ser crítico: seus desenhos foram poderosos até o fim.
“Minhas charges mostram sempre situações de uma pessoa mais poderosa ou rica frente a outra mais humilde ou pobre”, me contou ele durante uma entrevista feita em 1999. A sociedade que ele enxergava era cruel e injusta – infelizmente, isso ainda não mudou.
Tudo isso para dizer que a Martins Fontes lançou este mês “Mundo Quino“. Para quem conhece “apenas” a Mafalda, fica a dica para dar uma chance a este outro lado do Quino. A sociedade cruel e injusta que ele retratou até que tem seus bons momentos – como quando pariu um artista como Joaquín Salvador Lavado Tejón, o nosso Quino.