A DC comemora, neste mês, e nós do Hábito de Quadrinhos, nesta semana, as oito décadas da Mulher-Maravilha.

A Princesa Diana de Themyscira tem uma mitologia imensa: uma personagem que tem revista própria há décadas, participou de supergrupos em diferentes ocasiões etc. Escolhi oito curiosidades aleatórias, poderia ter sido muito mais!

1 – Ela “roubou” a identidade de Diana Prince

A Mulher-Maravilha e Diana `Prince não são a mesma pessoa!
A Era de Ouro do gênero dos super-heróis é marcada por muita criatividade, inocência e “coincidências”. Quando surgiu, a Mulher-Maravilha era a princesa de uma ilha isolada que foi ter aventuras no mundo exterior (nosso mundo). Ela não tinha identidade secreta.
Aí, ela encontra, por acaso, uma sósia dela que é quase sua xará: a secretária Diana Prince. Mais uma coincidência: ela está querendo deixar o emprego para morar na América do Sul com o noivo. Resultado: ela “cede” sua identidade para a Mulher-Maravilha…

2 – O supergrupo formado por três Mulheres-Maravilhas que são a mesma

A fabulosa tecnologia da ilha da Mulher-Maravilha permite que “projeções históricas” da mesma pessoa convivam ao mesmo tempo. No caso das amazonas, para celebrações e datas especiais. Porém, elas não abusavam desta tecnologia, usando-a apenas com pessoas especiais – no caso, a princesa Diana.
Daí foi um pulo para, em 1961, surgir o supergrupo Família Maravilha, formado por Mulher-Maravilha (Princesa Diana), a Moça-Maravilha (a mesma Diana, mas adolescente) e a Criança-Maravilha (Diana, claro, mas por volta dos seis anos). A líder do grupo era Rainha Maravilha – Rainha Hipólita de Themyscira, mãe das três outras integrantes do grupo (ou da única outra integrante do grupo, como preferir).

3 – Humana, amazonas, semideusa ou deusa?
A Mulher-Maravilha é humana, amazona, semideusa ou deusa?
Depende.
A mitologia da DC é enorme e bagunçada. Além disso, já passou por três recomeços (1986, 2011 e 2016). Mas vamos tentar explicar.

  • Amazona: quando foi criada, a Mulher-Maravilha pertencia a um povo mágico que outrora foi humano, mas que há milênios vivia em uma ilha isolada. São as amazonas – um povo que é naturalmente mais forte e veloz que os humanos. Ou seja, comparadas a nós, são superpoderosas.
  • Humana: no final dos anos 60, a heroína passar por uma radical mudança de fase. As amazonas vão para outra dimensão. Ela fica, mas para isso precisa passar por um ritual em que renuncia à sua identidade amazona – virando humana e perdendo os poderes. A “nova” Mulher-Maravilha vira dona de uma loja de roupas e assume um uniforme todo branco. Suas histórias passam a ser mais de espionagem e menos de encontros com supervilões.
    Essa fase durou pouco (felizmente).
  • Deusa: Na longa fase em que John Byrne escreve a ilustrou a heroína, a Princesa Diana morreu. Mas o mundo não podia ficar sem a Mulher-Maravilha, certo? Então, os deuses gregos a transformaram na deusa da verdade (capa logo abaixo).
    Apenas as primeiras histórias da fase de Byrne saíram no Brasil. A morte da Princesa Diana, e sua volta como deusa, permanecem inéditas.
  • Semideusa: Em um dos recomeços da cronologia da DC – o de 2011 – a Mulher-Maravilha virou filha do deus grego Zeus com a rainha amazona Hipólita, o que faz dela uma semideusa. Esta nova origem não foi alterada no recomeço de 2016.

4 – Canguru, não: kanga!

A Mulher-Maravilha sempre teve ligação próxima com animais. E, desde 1942, tem um companheiro animal mais frequente: Jumpa, uma kanga. Kanga?! Bom, kanga é uma espécie de canguru de Themyscira. Lá, tudo é tão diferente que tem até animais próprios.

5 – Membro de supergrupo, mas como secretária

Em 1940, a DC Comics criou um supergrupo com seus principais heróis: a Sociedade da Justiça. Criada no ano seguinte, mas rapidamente fazendo sucesso, a Mulher-Maravilha foi integrada ao grupo. Detalhes: por puro machismo, foi creditada, algumas vezes, como “secretária”.

6 – Embaixadora da ONU, #sqn
Em 2016, a ONU nomeou a Mulher-Maravilha como sua embaixadora das mulheres. A ideia é que a personagem ilustrasse campanhas de promoção aos direitos das mulheres. Dois meses depois, a nomeação foi revogada, após uma petição online criticar a escolha, alegando que a personagem era “explicitamente sexualizada”.

7 – Os três gêmeos (!?) da Mulher-Maravilha
De quando em quando, a DC Comics inventa que a Mulher-Maravilha tem um irmão ou irmã gêmeo.
Na cronologia original – que começou com o surgimento da personagem, em 1941 -, ela sempre foi filha única. Até que em 1973 soubemos que ela tinha uma gêmea perdida chamada Nubia, que havia sido sequestrada por Marte, o deus da guerra. Nubia ainda existe na cronologia da DC, mas não é mais gêmea da heroína.
Com o recomeço de 1986, a Princesa Diana voltou a ser filha única. Mas como explicar, então, a presença da heroína Moça-Maravilha, que tinha os mesmos poderes da Mulher-Maravilha? Foi definido que, com pena de a Princesa Diana ser uma criança sozinha numa ilha de adultas, uma feiticeira criou, por meio de magia, uma gêmea para fazer companhia. Surgia assim a Princesa Donna, personagem que agiu com vários codinomes heroicos diferentes: Moça-Maravilha, Darkstar, Troia e até Mulher-Maravilha, substituindo temporariamente a irmã (logo abaixo). Após o recomeço de 2011, Donna deixou de ser irmã de Diana.

Aliás, o recomeço de 2011 trouxe o atual gêmeo da Mulher-Maravilha: o semideus Jason. Digamos que não é assim um personagem marcante – ainda não foi alçado a outras revistas da DC Comics, integrando supergrupos ou participando de grandes sagas, por exemplo.

8 – As outras Mulheres-Maravilhas
Na cronologia original, o título de Mulher-Maravilha tem a ver com Themyscira e só pode ser usada por uma amazona por vez. A Princesa Diana foi substituída em algumas ocasiões:

  • De 1978 a 1979, a ruiva impetuosa Orana (acima) assumiu o codinome;
  • Em 1995, outra ruiva esquentadinha vira a Mulher-Maravilha: Ártemis;
  • Em 1997, logo após Diana morrer – e ser promovida a deusa -, a Rainha Hipólita, sua mãe, se tornou a Mulher-Maravilha;
  • Em 2006, foi a vez de a gêmea Princesa Donna assumir o manto de Mulher-Maravilha;
  • Há uma Mulher-Maravilha que não tem nada a ver com as amazonas: Peng Deilan (abaixo) é conhecida como a Mulher-Maravilha da China.
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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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