Em outros tempos, quando o euro não estava tão mais forte que o real, fui passar três semanas em Portugal. Para quem gosta de ler, tudo lá é maravilhoso: os livros e quadrinhos são baratos; a produção local tanto de literatura como de HQs é ótima; e, ainda por cima, há muita edição bacana de material europeu traduzido para o português.
Resultado: voltei com dezenas de livros & BDs (bandas desenhadas – como eles chamam os quadrinhos) na mala. E fui parado na alfândega.
– É você quem trouxe um monte de papel?
Eu prefiro chamar de “diversão”, mas entendi do que ele estava falando. Mostrei os livros e as BDs e fui liberado.
Essa pequena introdução é para contar quando surgiu minha paixão pelas BDs (usando o termo aqui apenas para os quadrinhos lusos). Voltei ao país algumas vezes, sempre dando um jeito de ir ao lindo festival Amadora BD, o festival local dedicado à nona arte. E, como não vou esse ano, resolvi matar a saudade sugerindo alguns artistas portugueses dos quais sou fã.
José Carlos Fernandes
Humor ácido! Talvez o autor português contemporâneo mais publicado por aqui, com sua série “A Pior Banda do Mundo”, com histórias curtas e bem engraçadas de uma banda não muito talentosa.
J. Mascarenhas
O que o Fernandes tem de ácido, o luso-angolano J. Mascarenhas tem de lírico. O Menino Triste, seu alter ego, é uma personagem instigante e que vive histórias doces e inteligentes.
Luís Louro
Sátira! Voltamos ao humor… Luís Louro criou uma divertida paródia dos super-heróis com seu quase-herói Corvo e sua inseparável parceira Robin – no caso, uma bicicleta. Ele também mandou bem no Instagram com sua série sobre a pandemia: os “Covidiotas”.
Mosi
Roteirista e ilustradora, Mosi é um dos novos bons nomes das bandas desenhadas graças a seu delicado “Nem Todos os Cactos Têm Picos”.
Susa Monteiro
Há alguns anos, eu estava no festival Amadora BD com meu amigo André Diniz quando elogiou uma ilustração que estávamos vendo. Ele concordou comigo, mas emendou uma dica: “rapaz, você precisa conhecer o trabalho da Susa Monteiro!”. Ela é a autora de “Sonho”, premiado naquele ano no próprio festival.
Aliás: obrigado pela dica, André! 🙂