Tive uma introdução tardia ao mundo dos mangás. Eu e todos os brasileiros da minha geração, na verdade: nos anos 80 e 90, era difícil encontrar algum à venda. Achar “Lobo Solitário” era raro, e “Akira” era caro (para mim), mas valia a pena.
Isso foi décadas atrás. Hoje, há uma variedade enorme de mangás à nossa disposição – é até difícil acompanhar. Mas eu fico de olho nos meus mangakás favoritos – e me alegro quando chega material de Jiro Taniguchi (1947-2017). Para mim, poucos artistas retratam o cotidiano com tanto lirismo e humanidade.
A Pipoca e Nanquim colocou à venda “Um Bairro Distante”, mangá inédito de Taniguchi, mesmo autor de “As Crônicas da Era do Gelo”, “Zoo no Inverno”, “A Valise do Professor” e a coletânea “Tokyo Killers” e “O Gourmet Solitário”, recentementes publicados. Abaixo, o resumo disponibilizado pela editora:
“Hiroshi Nakahara faz uma viagem de negócios a Quioto, mas, sem querer, pega o trem expresso na direção contrária e vai parar em sua terra natal, Tottori. Enquanto espera o próximo trem de volta a Tóquio, onde atualmente mora, ele aproveita para visitar o túmulo de sua mãe, onde perde a consciência. Ao despertar, Nakahara está 34 anos no passado, em pleno início da década de 1960! No corpo e na época dos seus 14 anos de idade, mas com a cabeça de 48, ele interage com sua família e colegas de escola sob uma nova perspectiva, ora matando a saudade de tudo, ora sentindo-se como um estranho no próprio ninho, exatamente no ano em que seu pai desaparecera…”