O belga Hergé (1907-83), um dos maiores quadrinistas de todos os tempos, publicou de janeiro de 1929 a março de 1983, as aventuras de Tintim, um dos mais importantes personagens de HQs da Europa – e do mundo.

Jornalista destemido, Tintim viajou a vários países – reais ou inventados, como a divertida Sildávia. Não há registro, entretanto, de que ele tenha dado um tempo em suas reportagens para organizar greves e lutar por direitos trabalhistas.

Então… Você conhece o livro “The Adventures of Tintin: Breaking Free”, publicado em 1989 na Inglaterra?

Para deixar bem claro: este livro não é uma história do Tintim. Trata-se de uma sátira publicada em 1988 na Inglaterra, que usa o universo criado por Hergé para relatar (e divulgar) direitos trabalhistas.

O autor não assinou o livro – usou o pseudônimo J. Daniels. Ele emula o estilo de Hergé – a maioria dos quadros parece decalques de histórias publicadas, mas sem a precisão do tração do belga. Ou seja, parece uma imitação mal feita.

Em “The Adventures of Tintin: Breaking Free” (“As aventuras de Tintim: Libertando-se”, em tradução livre), Tintim e o capitão Haddock (que aqui aparecem como sobrinho e tio, em vez de amigos), organizam greves e lutam por mais direitos trabalhistas. É quase mais um folheto didático do que uma história em quadrinhos.

“Breaking Free” é inédito no Brasil. Por usar o mesmo personagem do original, inclusive tacando um “The Adventures of Tintin” no título, achei que seria alvo de algum tipo de processo de direitos autorais. Pelo visto, não foi. O livro ganhou novas edições em 1999 e 2011 – e ainda pode ser encontrado em livrarias online.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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