A iraniana Marjane Satrapi foi um meteoro no mundo dos quadrinhos. Criou poucas obras, mas muito significativas: os quatro volumes de “Persépolis” e mais “Bordados” e “Frango com Ameixa”.
Em comum, são obras de não-ficção que retratam o Irã contemporâneo pelo olhar dos protagonistas (no caso de “Persépolis”, a própria Satrapi; em “Frango com Ameixa”, um tio dela).
Infelizmente para nós, fãs de quadrinhos, Satrapi levou seu talento e criatividade para outra forma de arte: o cinema, onde criou animações e um longa lançado há quatro anos (“Radioactive”, sobre a vida da espetacular cientista Marie Curie).
Agora, Satrapi está de volta ao mundo dos quadrinhos, mas não diretamente. Uma vez mais, o foco é o Irã onde nasceu. Em setembro do ano passado, a estudante Mahsa Amini foi espancada até a morte pela polícia religiosa iranian.
Um ano depois, Satrapi está lançando na Europa (sem previsão no Brasil), um livro que revisita o tema: “Femme, Vie, Liberté” (“Mulher Vida Liberdade”, em tradução livre). A obra é centrada na morte de Amini e traz a colaboração de três especialista sobre o Irã: Farid Vahid, diretor de investigação da Fondation Jean-Jaurès; Jean-Pierre Perrin, especialista em Irã e jornalista do Libération e do Mediapart; e o professor Abbas Milani, diretor de Estudos Iranianos na Universidade de Stanford.
Além deles, participam do livro mais 17 quadrinistas ou cartunistas, sendo seis iranianos (como Shaghayegh Moazzami, hoje radicada no Canadá) e 11 europeus, como os franceses Joann Sfar e Winshluss.
Esta reflexão, infelizmente, ainda não tem previsão para sair no Brasil.