A organização do Prêmio Jabuti divulgou ontem os cinco finalistas da categoria Quadrinhos. Desnecessário dizer, são todas obras recomendáveis!

Coloco aqui os cinco em ordem alfabética, com sinopse disponibilizada pela editora ou pelos autores. Parabéns a todos!

A menor distância entre dois pontos é uma fuga“, de Gabriel Nascimento e João Henrique Belo (independente)

Numa manhã de junho de 1944 o navio militar americano W. A. Mann está preparado para se lançar ao mar rumo ao continente europeu. Entre seus passageiros um jovem pracinha se encontra completamente deslocado entre aquele mar de pessoas. Numa pequena cidade interiorana uma mulher parte para sua jornada dupla de trabalho. Durante o dia, atende os clientes de um pequeno bar. À noite, dança em uma decadente casa noturna da cidade. Um homem passa os dias internado em um hospital psiquiátrico buscando se encontrar em meio a confusão mental que o atormenta. Eles procuram alguma forma de enfrentar seus problemas e, em alguns momentos, a fuga é a única tangente possível.

Brega Story“, de Gidalti Jr. (Brasa Editora)

A crocodilagem tá aí, é só dar mole pra ser abocanhado”. Brega Story acompanha a trajetória de Wanderson Jr., músico que, embora carregue o título de Rei do Brega, tem que se virar para manter a coroa. Ele quer fama a todo custo, não importa quem esteja em sua frente. Além de lutar para adaptar-se às mudanças trazidas pelo tempo, ele tem que negociar com os políticos regionais, com DJs de aparelhagens e com outros músicos para levar adiante seu grande plano de ser uma grande estrela nacional e, quem sabe, internacional.

Escuta, formosa Márcia“, de Marcello Quintanilha (Veneta)

Mãe solteira, nascida e criada em uma comunidade do Estado do Rio, a enfermeira Márcia vem travando uma verdadeira batalha doméstica para disciplinar sua filha, a insubordinada Jaqueline. Apesar do auxílio de seu companheiro Aluísio, padrasto da garota, tudo parece inútil: Jaqueline não aceita se submeter a nada que a impeça de sair por aí e fazer o que quiser, sem dar satisfações a ninguém.
Porém, quando a jovem se vê envolvida até o pescoço com o crime organizado, Márcia estará disposta a chegar às últimas consequências para livrá-la dessa enrascada. Quer Jaqueline queira, quer não.

Manual do Minotauro“, de Laerte (Quadrinhos na Cia.)

Laerte já tinha mais de três décadas de cartunismo e era uma das profissionais mais festejadas do Brasil quando decidiu reinventar tudo. Por volta de 2004, sua tira Piratas do Tietê abandonou os personagens recorrentes e os arremates cômicos para explorar o espaço daqueles três, quatro quadrinhos com uma mistura de filosofia, metafísica, poesia, poucas certezas e muitas dúvidas. Piratas virou o Manual do Minotauro e entramos, junto a Laerte, no labirinto do ser mitológico. O desenho é o mesmo, exato na economia. O jogo entre nanquim, cor, forma e quadros ainda é referência de design. O texto continua enxuto, preciso. A narrativa é claríssima. Mas ao mesmo tempo, algo vibra por baixo da aparente simplicidade. Deixem toda lógica e ordem cotidiana do lado de fora e preparem-se para uma das grandes aventuras do quadrinho contemporâneo.

Risca Faca“, de André Kitagawa (Monstra)

Piru só quer saber de seu whey. Ryta, de seu passado glamouroso. Zoinha só quer se divertir. Jamorreu… Bem, essas são algumas das figuras que se entrecruzam em Risca Faca, obra que marca o retorno triunfante de André Kitagawa aos quadrinhos.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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