A editora Devir lançou na semana passada “Regresso ao Éden“, de Paco Roca. Este é um grande autor contemporâneo e, se você não o conhece, vale trocarmos dois dedos de prosa (ou, no caso, dois parágrafos) sobre ele.

Nascido em 1969 em Valencia, na Espanha, Roca escreve e desenha com habilidade, e não nos traz histórias fáceis: seus temas são sensíveis, com abordagens respeitosas. Minha obra favorita dele é “Rugas”, que mostra o cotidiano de um homem com Alzheimer internado em um asilo, mas sua obra mais premiada é “A Casa”, que aborda o desaparecimento de um pai e o impacto que este evento causa em seus filho. Esta obra, inclusive, ganhou o Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos americanos, na categoria para melhor HQ estrangeira.

Não é só nos EUA que Roca é reconhecido, claro. Em seu país natal, e “Regresso ao Éden” levou três prêmios quando foi lançado: Prêmio ACDCómic (Associação de Críticos e Divulgadores de Quadrinhos da Espanha), Prêmio Um Año de Libros El Corte Inglés 2021 de melhor HQ e Prêmio Cómic Aragonés 2021 para melhor trabalho nacional.

A seguir, a sinopse da editora:

“A partir de uma foto de família tirada na antiga praia de Nazaret em 1946, Paco Roca desenha um afresco da Espanha do pós-guerra através de uma dessas famílias humildes – reflexo de grande parte da sociedade espanhola que sobreviveu à ditadura de Franco –, com graves problemas de acesso aos meios de subsistência e que se vê obrigada a recorrer ao mercado negro para conseguir se manter.

Um vigoroso e delicado retrato em quatro cores de uma Espanha de tons de cinza e liberdades cerceadas por um regime político que também é um terreno fértil para a propagação da miséria moral.

Repleto de referências autobiográficas, Paco Roca dá um passo adiante em sua busca pelo resgate da memória com Regresso ao Éden. Emotivo e equilibrado, repleto de recursos gráficos e soluções narrativas de primeira linha, Roca apresenta sua obra autoral mais ambiciosa – uma maravilhosa homenagem e reconhecimento à terrível vida que sua mãe teve no pós-guerra, homenagem esta extensiva a todas as mulheres que sofreram com a repressão e a miséria impostas pela ditatura na Espanha.”

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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