A Marvel anunciou no última sábado que Neil Gaiman (roteiro) e Mark Buckingham (arte) finalmente concluirão “The Silver Age”, saga do Miracleman interrompida bruscamente mais de 30 anos atrás.

Mas talvez você não saiba quem é Miracleman, portanto não vai ententer por que isso é tão importante (e bacana).

Miracleman é um super-herói criado no Reino Unido como plágio assumido do Capitão Marvel (Shazam) – uma criança que dizia uma palavra mágica (“kimota!“, em vez de “shazam!“, e se tornava o mortal mais poderoso do Terra. Em suas primeiras décadas, o personagem foi marcado por histórias simples, inocentes mesmo. Mas, no início dos anos 80, um roteirista em início de carreira escreveu 16 histórias avassaladoras do personagem – um tal de Alan Moore, conhece?

E quando Moore, que começava a trabalhar para a DC Comics, deixou o personagem, indicou outro roteirista em início de carreira: um jornalista que, entre outras obras, havia publicado a biografia autorizada do Duran Duran – um tal de Neil Gaiman, você conhece?

Gaiman não conseguiu concluir o que havia planejado para Miracleman. Seriam três sagas de seis histórias cada, mas saíram apenas as oito primeiras e a editora faliu. Pior: o personagem se envolveu em um problema judicial aparentemente infinito e as histórias não poderiam ser republicadas nunca mais, nem no Reino Unido, nos EUA, no Brasil ou em qualquer lugar.

Pois, bem, o problema judicial não era infinito – e foi resolvido após algumas décadas (sim, décadas). Nos EUA, a Marvel ficou com os direitos da séries. No Brasil, a editora Panini lançou apenas a fase de Moore. Em Portugal, a saga saiu em dois volumes: um para a fase de Moore, outro para a de Gaiman – com apenas as seis primeiras histórias de “A Idade de Ouro” reunidas. As duas histórias que abrem “The Silver Age” (que provavelmente vai se chamar “A Idade de Prata” em Portugal e “A Era de Prata” no Brasil) permanecem inéditas no Brasil: “The Secret Origin of Young Marvelman!” e “When Titans Clash!”.

O anúncio da Marvel diz que o primeiro número de “The Silver Age” sai em outubro nos EUA e afirma que a saga, desta vez, será concluído. Se for uma publicação mensal, a conclusão sai em março do ano que vem. Não foi confirmado se a planejada terceira saga de Gaiman para a editora também será lançada – torço para que sim. Gaiman já divulgou o nome e o resumo: há de se chamar “The Dark Age” (“A Idade Sombria”, “A Era Sombria”) e o resumo diz apenas…

Things go bad” (em tradução bem livre, “Coisas ruins acontecerão“).

A maravilhosa fase de Miracleman por Alan Moore já saiu mensalmente no Brasil, e a Panini a está relançando em três volumes – o próximo (e último) sai na semana que vem. A igualmente maravilhosa fase de Miracleman por Neil Gaiman permance inédita. Quem sabe agora os editores não se animam a publicá-la? Kimota!

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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