Há dezenas de Lanternas Verdes no multiverso da DC Comics. Um deles é brasileiro (José Hernandez), uma é negra (Jo Mullein), um é islâmico (Simon Baz), duas são latinas (Jessica Cruz e Keli Quintela), um é gay (Alan Scott).
Qual é o problema em haver um Lanterna Verde gay (abaixo, beijando seu namorado)? Uma Pequena Sereia negra? Um Batman islâmico? Uma Mulher-Maravilha brasileira? O casal lésbico de “Sandman” (que abre este texto)?
A resposta curta é: nenhum.
A resposta longa, elaborada e cheia de argumentos é: nenhum.
Entretanto, há leitores que reclamam da representatividade nos quadrinhos – e nos filmes, seriados, games… Eu tenho uma enorme dificuldade em entender por que. Realmente, não consigo. Mas abordo o tema na minha coluna desta semana no site oficial da TV Cultura.
Maravilhoso artigo, que lida de maneira sensacional com o problema sem dar palanque pra gente absurda. Contudo, eu tenho uma certa indignação com o modo como a diversidade está sendo inserida. É fantástico ter representatividade negra, gay, latina, trans. É fantástico poder ler uma hq ou assistir um filme junto com uma filha minha e ela se ver representada na personagem na tela, o problema é quando essa representatividade custa a representatividade de alguém – e esse foi meu problema com a pequena sereia: é maravilhoso minha filha poder se ver representada em uma sereia negra. Mas quantas princesas ruivas efetivamente existem em filmes infantis? Excluindo-se a Ariel agora, resta apenas a Mérida (e o perfil da mérida é BEM claro: ela é forte, dona de si, “tomboyish” – cabe como representação de uma menina que se veja como delicada ?). Me sentiria muito mais a vontade se a mudança fosse em uma das tantas outras princesas padrão (Cinderela, Bela etc) ou, melhor ainda, com a criação de personagens que nasçam, de fato, parte daquele grupo social (Tiana em ‘A Princesa e o Sapo’, Elena de ‘Elena de Avalor’, Blade, o casal lésbico em Coraline que eu não lembro o nome de jeito nenhum).
Representatividade é maravilhoso e precisamos de mais – pode ser que o jeito que temos agora seja esse, de mudar características de personagem A ou B. Mas espero o dia em que finalmente seja tão comum a existência de personagens de todas as características, que isso sequer seja cogitado.