Olá, cidadãos de Gotham City e arredores! Estamos na Semana do Batman, então o Hábito de Quadrinhos terá sete dias seguidos de batconteúdo. Começamos ontem, com os Batmen de outras dimensões. Hoje, como o título entrega, vamos falar dos sucessores do Batman.

Eu adoro os quadrinhos da DC, mas a editora pisa no tomate de vez em quando. Ela apaga cronologias inteiras (já duas vezes só nesse século), e é preciso ter muita dedicação para acompanhar cada linha temporal – esse casamento está valendo ou foi apagado? Esse personagem não tinha morrido? Esse cara aqui foi Robin ou não?

Para a lista de sucessores do Batman, peguei apenas quem, de fato, herdou o manto do Bruce Wayne em uma linha temporal válida – ou seja, descartei dimensões alternativas e “elseworlds” (realidades paralelas), por mais interessantes que fossem. Achei que sobrariam poucos, mas foram oito! (Ainda coloquei dois de brinde porque eram legais demais para ficarem de fora.)

Como a DC vive zerando sua cronologia, a maioria dessas histórias não é mais canônica. Não importa: valerem em algum momento e, acima de tudo, são divertidas!

(A lista está na ordem em que foram criadas, não o ano em que viveriam dentro da cronologia DC.)

1944 – Batman 3000

O Batman havia sido criado havia apenas cinco anos, e sua mitologia estava começando a ser criada. Os artistas podiam experimentar tudo – afinal, era a inocente Era de Ouro dos quadrinhos! No século 31, a Terra foi invadida por Saturno. Quem poderá nos defender? O Batman! Não o original, claro, mas seu descendente direto – que, por coincidência (afinal, estamos na inocente Era de Ouro…), também se chama Bruce Wayne (“Brane” é uma identidade que assume).

1951 – Batman 3051

No distante século 31 (mas pouco depois do que aconteceu na história citada no parágrafo acima), o legado continua: Brane Taylor é Batman, o defensor de Gotham City!

1965 – Batman Jr.

Filho do Batman e da Batwoman, Batman é! Sim, nesse possível futuro, Bruce Wayne e Katherine Kane se casaram e tiveram um júnior. Ainda criança, o rapaz vira o Batman Jr. E combate o crime. Seu melhor amigo é Superman Jr. – sim, Kal-El Jr., filho do Superman original.

Juntos, Batman Jr. e Superman Jr. formam os… Super-Filhos! Sim, Super-Filhos. Você não ama os nomes dos supergrupos criados nos anos 60?

1990 – o neto do Comissário Gordon

A graphic novel “Digital Justice” foi muito bacana. Primeiro, por ter sido criada inteiramente no computador – baita novidade na época. Segundo, porque mostra um futuro bem informatizado – e ainda violento. Portanto, há a necessidade do maior vigilante de Gotham City: o Batman! Mas não dá para ele ser Bruce Wayne – estamos no futuro, e ele já morreu. O novo Homem-Morcego é ninguém menos do que James Gordon II, o neto do comissário Gordon!

1992 – o successor de Bruce Wayne

No início dos anos 90, a DC tomou uma decisão inédita: Bruce Wayne se aposentou como Batman (ele estava paralítico), e precisava indicar um sucessor. Foi a primeira vez em que aparece um sucessor indicado por Bruce Wayne, e não um Batman de um futuro distante.

A sucessão lógica seria Dick Grayson, o primeiro Robin. Mas aí seria fácil demais, né? O sucessor foi Jean-Paul Valley, que atuava com o codinome Azrael.

Valley foi criado especialmente para ser o sucessor do Batman. Sem nenhuma ligação anterior com a mitologia do Batman, sem carisma, sem nada, não deu certo.

1994 – o sucessor do sucessor de Bruce Wayne

Bruce Wayne deixa de ser paralítico, mas ainda não dá para voltar a ser o Batman. Como Jean-Paul Valley não deu certo como Batman, o manto vai para… Richard “Dick” John Grayson, o primeiro Robin. Finalmente um Batman à altura do original!

1998 – o Batman que mora no planeta Plutão!

Outro personagem bem criativo: no beeeeem distante século 853, a Liga da Justiça não protege só a Terra, mas o Sistema Solar inteiro. A Mulher-Maravilha ficou com Vênus; Flash, com Mercúrio; e o Batman… com Plutão, transformado em um planeta-prisão.

1999 – Batman do Futuro

Pelo meu critério inicial – apenas sucessores de linhas temporais canônicas -, este personagem não deveria entrar: é um sucessor do Batman apenas na TV, e não nos quadrinhos. Ele até existe nas HQs, mas de uns tempos para cá a DC criou tantos futuros possíveis que são todos considerados “realidades alternativas” (ou “futuros possíveis”) – os futuros mostrados nos anos 40 e 50 eram, na época, considerados canônicos.

Mas ele é legal demais para ficar de fora…

A série animada “Batman do Futuro” (“Batman Beyond”, no original) é muito legal. E criou este personagem, que depois foi incorporado aos quadrinhos: Terrence McGinnis, o primeiro a assumir o manto de Batman após a aposentadoria de Bruce Wayne (que é seu tutor).

Depois, descobre-se que McGinnis é um clone de Bruce Wayne. Só melhora.

2015 – James Gordon (?!?!?!)

Quando foi anunciado que James Gordon, o eterno comissário Gordon, seria o novo Batman, os fãs detestaram. O contexto: o Batman tinha sido dado como morto. A polícia de Gotham, entretanto, sabia que o símbolo do Homem-Morcego era importante demais para a cidade. Então, investiram em um sucessor: James Gordon dentro de uma armadura! Podia ficar péssimo, mas o roteirista (Scott Snyder) era bom, e as histórias ficaram interessantes.

2015 – Batman da Liga da Justiça 3000

Mais um Batman do século 31 – de longe, a mais original. Nessa série de histórias, a Liga da Justiça ressurge no futuro. O primeiro Batman que aparece é um clone de Bruce Wayne (sim, você viu algo parecido alguns parágrafos atrás).

Mas surge um segundo Batman, diferente de qualquer outro que já tenha aparecido: Tina Sung, uma menina! Ela é um gênio intelectual (e provável descendente de Bruce Wayne) que cria uma armadura gigante (como você pode ver acima). Nas primeiras aventuras, ela se chama Batman, e só depois assume o nome de Batgirl.

A rigor, ela não deveria estar nessa lista: seu futuro é apenas uma linha temporal possível, não necessariamente o futuro da cronologia DC. Mas uma moça marrenta dentro de uma armadura gigante… como deixar de fora?

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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