Adoro prêmios de quadrinhos – especialmente quando tem brasileiro indicado, caso da paulista Bilquis. A semana que acaba hoje trouxe os indicados ao Eisner Awards 2020, o Oscar dos quadrinhos norte-americanos, e separei algumas dicas do que, espero, deve ser publicado por aqui.

Antes, um comentário. O Eisner Awards é extremamente pulverizado. Não é como o Oscar, em que os dez principais filmes concorrer em uma categoria principal. Há 12 “grandes categorias” para quadrinhos inéditos, cada uma com pelo menos cinco indicados. (Sem falar das duas categorias para obras estrangeiras, com asiáticos separados do resto do mundo.)

No meio de tanta indicação (mais de 60 só nas categorias principais), fica difícil apontar o que vai ganhar – ou o que deve ser bem bacana. Mas separei cinco, de editoras diferentes:

– “They Called Us Enemy” (“Eles nos chamavam de inimigo”), de George Takei, Justin Eisinger, Steven Scott e Harmony Becker – editora Top Shelf

Esta graphic novel é inspirada nas memórias de George Takei, o maravilhoso sr. Sulu de “Jornada nas Estrelas”: quando criança, ele viveu parte em três campos de concentração americanos que abrigaram mais de 120 mil pessoas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. Tema difícil, importante e infelizmente contemporâneo.

Concorre na categoria melhor trabalho de não-ficção.

– “Invisible Kingdom” (“Reino Invisível”), de G. Willow Wilson e Christian Ward – editora Dark Horse

A escritora G. Willow Wilson é um dos nomes do momento – até agora, nunca me decepcionou. Seu novo trabalho, uma ficção científica ambientada em outro sistema solar, concorre em quatro categorias: melhor série nova, escritora (ela mesma!), artista digital (Ward) e capista (Ward).

– “Demolidor”, de Chip Zdarsky e Marco Checchetto – Marvel Comics

A fase de Zdarsky e Chechhetto com o Homem sem Medo é uma das obras com mais indicações: série contínua, escritor (Zdarsky), capista (Julian Totino Tedesco) e letreirista (Clayton Cowles).

– “Harley Quinn: Breaking Glass” (“Arlequina: Quebrando vidro”), de Mariko Tamaki e Steve Pug – DC Comics

A onipresente Arlequina não recebe atenção só no audiovisual, com Margot Robbie produzindo protagonizando e produzindo “Aves de Rapina” e Kaley Cuoco (a Penny de “Big Bang Theory”) também produzindo e animando a série animada “Harley Quinn”. A DC tem investido em bons autores para histórias fechadas da personagem – “Harleen”, já lançada no Brasil, é um exemplo.

E agora há “Harley Quinn: Breaking Glass”, que concorre nas categorias de melhor publicação para adolescente, melhor escritora (Mariko Tamaki) e desenhista/arte-finalista (Steve Pugh).

– “Ghost Tree” (“Árvore Fantasma”), de Bobby Curnow e Simon Gane – editora IDW

Infeliz com sua vida, um homem volta para o Japão de seus ancestrais. Essa obra introspectiva concorre em três categorias: melhor série limitada, escritor (Curnow) e desenhista/arte-finalista (Gaine).

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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