Vi nesse final de semana que Al Jaffee, um dos maravilhosos artistas por trás da irreverente revista “Mad”, se aposentou.

Os números (e a qualidade!) do norte-americano Allan Jaffee, 99, impressionam. São 79 anos de carreira, e 65 de trabalhos contínuos para a “Mad”. Jaffee fez muitas capas, como a abaixo, mas também foi responsável por duas das mais tradicionais seções internas.

Em 1964, Jaffee inaugurou as Ridículas Dobradinhas Mad (“’Mad’s Fold-In”, no original). Havia um desenho de uma página, com um parágrafo enorme e otimista sobre o tema retratado na ilustração.

Aí você dobrava a página na vertical, de maneira que o terço do meio sumisse e o da esquerda se unisse ao da direita. Resultado: surgia um novo desenho e um novo texto, completamente diferente. (Abaixo, um exemplo.)

Uma imagem fofa e um texto meigo sobre amor romântico viram…
…um patinador que tomou um tombo!

A seção de “Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis” (“Snappy Answers To Stupid Questions”) surgiu em 1965 e seguia um roteiro básico. Uma pessoa perguntava algo bem óbvio. Quatro balões de fala surgiam do interlocutor. Os três primeiros traziam respostas hilárias – inevitavelmente, patadas. O último vinha em branco, para o leitor preencher com sua agressão favorita devidamente adaptada ao contexto da piada.

Eu, criança, adora um livro de bolso que reunia algumas das melhores tiradas: “O Livro Mad das Repostas Cretinas para Perguntas Imbecis”. Infelizmente, minha edição foi parar na misteriosa Dimensão Perdida dos Livros Emprestados.

Em homenagem a Al Jaffee, vou terminar este texto com uma adaptação de suas Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis:

Pergunta: Al Jaffee era mesmo um ótimo artista?

Resposta 1: Não, ele manteve o mesmo emprego por 65 anos numa das melhores revistas de humor dos Estados Unidos porque trabalhava escondido em um canto e ninguém lembrava da sua existência.

Resposta 2: Não, ele ganhou quatro prêmios da Associação de Cartunistas e Quadrinistas dos Estados Unidos porque subornou os jurados.

Resposta 3: Não, ele ganhou o prestigioso Reuben Awards de melhor quadrinistas de 2008 e entrou para o Hall da Fama do Eisner Awards (o Oscar dos quadrinhos norte-americanos) em 2013 porque todos os rivais desistiram.

Resposta 4: _ _ _ _ _  _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ __ _ _ _ _

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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