Como contei aqui há alguns dias, escrevi há mais ou menos uns 15 anos um livro sobre a Mulher-Maravilha que nunca foi publicado.

Aproveitei que a DC Comics está comemorando oito décadas da maior super-heroína dos quadrinhos (sim, sei que há controvérias neste ponto…) e publiquei aquele livro aqui no site – a cada dia, um capítulo.

O livro tinha um problema: a apuração parava em 2008. E muita coisa importante aconteceu com a personagem desde então. O post de hoje é para amarrar a história da Princesa Diana de Themyscira até hoje – torcendo para que ela continue estrelando histórias – nos quadrinhos, no cinema ou em qualqer outra mídia – ainda por muitas décadas.

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Em 2011, a DC zerou a cronologia de suas personagens, lançando novamente a maior parte das revistas mensais a partir do número 1 e recontando as histórias desde o começo. E em 2017, fez isso de novo – acho que ouvi seu bocejo daqui.

Alguns detalhes muito importantes mudaram na nova da Mulher-Maravilha, embora, no geral, a cronologia mantenha a essência da personagem: amazonas de origem grega que foram parar na América Central, essencialmente pacifistas, paradoxalmente treinadas para a guerra…

Um irmão gêmeo (!), dezenas de meio-irmãos e um pai (?!?!)
A família aumentou: Diana agora tem um pai! E ele é ninguém menos do que Zeus, a divindade suprema do panteão grego. Isso traz duas implicações importantes:

  • Diana agora é uma semideusa;
  • Ela tem muitos meio-irmãos, já que Zeus tem dezenas e dezenas de filhos espalhados por aí.

Outra coisa importante… Se no reboot passado Diana tinha uma gêmea criada por mágica, agora ela tem um irmão gêmeo de carne e osso: Jason, criado em 2016 pela dupla Geoff Johns e Jason Fabok – o descamisado bonitão logo acima.

Como nunca ouvimos falar dele? Simples: é o “irmão perdido” de Diana, que sua mãe, a rainha Hipólita, precisou esconder da fúria de Hera, a mulher de Zeus.

Semideus que é, Jason tem todos os poderes da irmã gêmea – e também um bom coração. Um personagem poderoso assim poderia fazer parte da Liga da Justiça, ou dos Novos Titãs, ou de qualquer supergrupo da DC Comics… Mas Jason não parece ter feito muito sucesso. Apareceu em apenas 24 edições e depois sumiu.

Steve Trevor ou Superman?
Essa para mim foi a mudança mais chocante. A Mulher-Maravilha rompeu com Steve Trevor e passou a namorar ninguém menos que o Superman!

Assim como você, eu também não gostei dessa mudança. Nem ninguém. Esse romance foi apagado como se nunca tivesse esxistido, de uma maneira tão superficial e tosca que eu estou com vergonha de escrever aqui. Mas, em resumo: as dezenas de histórias publicadas com os dois namorando, seja na revista dela, na dele ou na Liga da Justiça, simplesmente nunca aconteceu – acho que ouvi seu bocejo daqui.

Diversidade
A DC, assim como sua rival Marvel, tem investido cada vez mais em diversidade. E isso se refletiu na mitologia da Mulher-Maravilha. Este ano, a amazona negra Nubia estrelou sua própria minissérie (“Nubia and the Amazons”) e hovue espaço até para uma brasileira.

Na série “Future State”, que apresentou um futuro possível para os personagens da DC, o título de Mulher-Maravilha ficou com a brasileira Yara Flor, criada por Joëlle Jones justamente em 2021. A personagem fez algum sucesso e agora estrela sua própria revista mensal – mas com o codinome de Moça-Maravilha (Wonder Girl).

Os filmes
o que a personagem teve de mais legal neste período foi sua estreia nos cinemas. Primeiro, como coadjuvante do sombrio e triste Snyderverso, em que o diretor Zack Snyder tomou certas liberdades com os personagens da DC Comics – como um Superman que mata pessoas e um Batman que é burro.

Felizmente, depois, a nossa princesa themysciriana favorita ganhou seu filme solo. A diretora Patty Jenkins lançou
“Mulher-Maravilha” em 2017: uma história divertida e bem filmada, com cenas visualmente bem bonitas de aventura e humor.

Com Gal Gadot no papel principal, fomos reapresentados (ou apresentados, para quem não leu as HQs) a personagens icônicos como Steve Trevor, a Rainha Hipólita, Doutora Veneno, Etta Candy e o inefável deus da guerra Ares.

Três anos depois, veio a sequência: “Mulher-Maravilha 1984”. Mesma diretora, mesmo elenco principal, alguns personagens novos bem interessantes, como a Mulher-Leopardo e Maxwell Lord. Mas algo se perdeu: querendo abraçar tudo (uma razão para Trevor voltar à vida décadas depois, um vilão que ameaça o mundo inteiro), o roteiro acabou ficando rocambolesco.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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