A Panini vai lançar todas as histórias de “O Relógio Do Juízo Final”, a continuação de “Watchmen”, em um volume único no final de março.

“Watchmen” é famosíssima, mas acho que vale um contexto. Lançada pela DC Comics como uma minissérie em 12 edições entre 1985 e 86, esta saga tinha um universo de próprio de super-heróis: Dr. Manhattan, Espectral e Coruja nunca haviam aparecido antes e, em tese, jamais voltariam a aparecer. É uma história fechada em si.

O “problema” é que “Watchmen” é simplesmente boa demais. O roteirista Alan Moore e o ilustrador Dave Gibbons criaram uma série magnífica em todos os sentidos, um marco para o gênero dos super-heróis. Hoje você vê séries como a divertida “The Boys” na TV, filmes como o do Deadpool e dezenas, dezenas de quadrinhos de super-heróis que beberam nesta fonte.

Até hoje, “Watchmen” vende demais. Foi adaptada para o cinema (um filme bem fiel e reverente), uma minissérie para a TV e, claro, continuações em quadrinhos. Êpa! Como assim, continuações, se a série tinha um baita final e não precisava de complementos?

A primeira saída da DC Comics foi criar uma “continuação que não era sequência”. A “prequel” “Antes de Watchmen” foi uma coleção de minisséries que se propôs a preencher as lacunas intencionalmente deixadas por Moore e Gibbons na história original. O resultado oscilou entre o bonzinho e o desatroso.

Depois, a DC desencanou de lançar uma “continuação que não era sequência” e resolveu assumir o que estava fazendo. O roteirista Goeff Johns e o ilustrador Gary Frank assumiram a enorme responsabilidade de continuar de onde a dupla anterior parou. E é aí que surgiu “O Relógio Do Juízo Final”, lançada originalmente em 12 números, como a original.

Johns e Frank pegaram um ótimo ponto de partida: sim, “Watchmen” aconteceu em seu próprio mundo, onde não existem Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Mas este mundo pertence ao Multiverso DC. E se o Dr. Manhattan é tão poderoso quanto um deus, por que ele não poderia… explorar outras dimensões?

Assim, estes dois mundos entram em contato em “O Relógio Do Juízo Final”. Johns e Frank criaram uma série tremendamente reverente não só a “Watchmen”, mas também à própria cronologia oficial da DC. E aí surgem, lado a lado, o Coringa e o Comediante; os quase divinos Dr. Manhattan e Superman; e os homens mais inteligentes de seus mundos, Ozymandias e Batman ou Lex Luthor, você escolhe.

“O Relógio Do Juízo Final” não é revolucionária como “Watchmen”, mas é uma divertida HQ de super-heróis – acima da média, inclusive, da maior parte das grandes sagas publicadas recentemente por Marvel ou DC.

ps – A edição encadernada de “O Relógio do Juízo Final” já está em pré-venda.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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