Tirei esta semana para apontar diferentes bons lançamento de quadrinhos no final do ano passado e neste 2021 aqui no Brasil: uma obra de super-heróis na segunda; uma BD europeia na terça; mangá na quarta; um comix norte-americano ontem; e hoje, para fecharmos bem a semana, uma HQ brasileira.
Jeremias é um personagem do Mauricio de Sousa que, embora bem conhecido, não integra o panteão de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. Até onde eu saiba, nunca teve uma revista mensal ou estrelou um longa animado.
E quando o roteirista Rafael Calça e o ilustrador Jefferson Costa se juntaram em 2018 para lançar a primeira graphic novel do personagem, fizeram um baita trabalho: “Jeremias – Pele” é ótimo. Não à toa, venceu o Prêmio Jabuti de 2019 na categoria quadrinhos, assim como o HQ Mix, o Oscar dos quadrinhos nacionais, na categoria edição especial nacional. A obra acertou em cheio ao abordar o tema do racismo, que inacreditavelmente permanece forte no Brasil – e no mundo. E quanto mais pudermos falar dele, melhor.
E a continuação desta obra saiu recentemente: “Jeremias – Alma” (eu achei que ainda estava em pré-venda, mas o Fabio Henrique me alertou que ele até já leu o livro! Obrigado, Fabio!).
Escrevi este texto um dia após ver, ao vivo, o forte depoimento de um atleta sobre racismo durante uma partida de futebol. Eu estava radiante pela vitória do meu time, e aquele discurso foi impactante. O racismo continua, inacreditavelmente, forte no Brasil – e no mundo. Mal posso esperar para ver como Calça e Costa, ótimos narradores que são, vão retornar ao tema.
Precisamos de artistas como Rafael Calça e Jefferson Costa.