Quanto custa ocupar uma terra, remover os moradores, levar máquinas gigantescas e, por fim, começar a extrair recursos naturais, como petróleo e gás natural?

A pergunta não é sobre quanto custa para quem vai lucrar com essa exploração. Provavelmente pouco, se comparado ao dinheiro que vai terminar na conta deles.

Mas e para os moradores? E a própria terra? Para a sociedade? O país? Quais são as consequências dessa exploração?

Joe Sacco é, para mim, um dos mais relevantes quadrinistas vivos (explico por que aqui). Nascido em Malta e radicado nos Estados Unidos, ele faz excelentes reportagens em quadrinhos, publicando livros incríveis como “Notas Sobre Gaza” e “Palestina”.

O jornalista-quadrinista, agora, quis abordar um tema diferente: as grandes empresas e suas explorações. Assunto dificílimo, árido mesmo. Mas Sacco sempre conseguiu trazer o lado humano em suas reportagens. Ele, que tanto vez deu voz às vítimas e testemunhas de guerras, fará o mesmo para quem, contra sua vontade, sofre com as consequências das explorações econômicas feitas em nome de mastodônticos fins lucrativos.

Esse repórter-artista nunca fica só nos testemunhos. Ele pesquisa livros históricos, leis locais e internacionais e o que mais for preciso para nos dar contexto. Suas ilustrações, detalhadas e complexas, são sempre complementadas por informações precisas sobre que o que está sendo retratado. Se Sacco te mostrar uma página dupla de um deserto, você vai sentir sede.

O livro se chama “Paying the Land” e você pode ler mais sobre ele (em inglês) aqui no jornal britânico “The Guardian”. Ainda não há previsão de lançamento no Brasil, mas o desejo, assim como o lucro das gigantescas companhias exploradoras, é enorme.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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