“Quando eu tinha meus 10, 11 anos, eu era superfã de banda desenhada. A maioria das revistas que eu lia vinha do Brasil. Mas, hoje, minha irmã mais nova pode ler uma série contínua de banda desenhada criada aqui mesmo em Moçambique.”

Assim a repórter moçambicana abre sua reportagem sobre “Os Informais”, uma HQ local que descobri lendo uma revista de… Gana.

A reportagem da “Squid” me despertou o interesse. “Os Informais” é uma ficção científica ambientada em um futuro distópico em que os moradores das periferias correm o risco de desaparecer para dar lugar a novas construções imobiliárias. Ou seja… uma sci-fi com o pé na realidade, como toda boa sci-fi.

É uma história de super-heróis. Mas eles não são alienígenas, princesas ou milionários (nada contra alienígenas, princesas ou milionários, veja bem). Os heróis deste futuro distópico moçambicano são… trabalhadores informais – daí o título da série.

A criação de Informais é coletiva: Ana Queiroz (roteiro), Álvaro Taruma (roteiro), Hélio Pene (ilustrações e cores) e João Roxo (conceito e direção de arte). O fato de escolherem trabalhadores informais como protagonistas não foi aleatório. Eles procuraram algo que refletisse a sociedade em que vivem para atrair o interesse das pessoas.

Aparentemente, eles conseguiram: “Os leitores têm dito que se sentem muito retratados na histórias. Podem não ser trabalhadores informais, mas esta é uma realidade muito viva”, disse a roteirista Ana Queiroz à DW.

Não li “Os Informais” ainda. Seja pela premissa interessante, seja por representar um país ao qual não temos tanto acesso à cultura (livros do Mia Couto, canções da Neyma, o que mais?), esta HQ me atraiu. Vou atrás… Se conseguir avanços, publico por aqui. De qualquer maneira, fica o registro desta bela iniciativa.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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