
O senegalês Juni Ba é um artista jovem e “Djeliya“, sua primeira graphic novel. A receita de sua história foi pegar o folclore de sua região (África ocidental), dar toques de modernidade e pronto. Fácil, não? Claro que não…
A receita de Juni Ba foi essa mesma, mas só isso seria insuficente para garantir uma boa obra. Os folclores africanos (são muitos) são riquíssimos, e ele pinçou uma história para contar: a do Príncipe Mansour, um nobre que cresceu à sombra do pai (um grande rei) e nunca se sentiu à altura do título que ostentava. Ao seu lado, está uma contadora de histórias – título bacana, tradicional em histórias africanas, bem menos comum por aqui. O reino deles foi dizimado, e eles partem em uma jornada em busca de recuperar, mesmo que parcialmente, boas condições de vida para seu povo.

Para contar essa jornada – que envolve aprendizado e autoconhecimento -, Juni Ba bolou uma aventura divertida, com ritmo, engraçada e bem ilustrada – em resumo, uma boa HQ.
Mas é mais do que “só” uma bela graphic novel sobre amadurecimento: as muitas doses de folclore não estão lá à toa, “Djeliya” não existiria sem ela. Nada é forçado, tudo é coeso, e o resultado, além de ser uma ótima leitura, é uma vontade de aprender mais sobre os folclores africanos.
(Não coloquei “folclores africanos” no plural à toa: África não é uma, são muitas… Palavra de filho de angolano 😉 )

Criativo e bem narrado, “Djeliya” (tradução de Márcio dos Santos Rodrigues, editora Skript) já abocanhou alguns prêmios. Vou citar três:
- Melhor Talento Promissor no Ignatz Awards
- Melhor Graphic Novel no Prêmio IBPA Benjamin Franklin (voltado para editoras independentes)
- Prêmio de Diversidade – Graphic Novel (categoria adulto) da Virgina Library Association
