A Panini divulgou, na semana passada, seus lançamentos para maio. Para minha surpresa, encontrei John Constantine… para crianças!

Quando, nos anos 80, a DC Comics criou a Vertigo, um selo para “leitores maduros”, o resultado ficou irregular. A maioria das histórias tinha bastante sangue e sexo, mas, digamos, faltava qualidade. Não que fossem ruins: eram medianas.

E houve as exceções. Monstro do Pântano, Sandman e… John Constantine. O mago britânico, sem codinome ou uniforme, mas com muito humor e seu sobretudo característico, protagonizou histórias realmente de terror, e não só violentas por serem violentas (recurso fácil para dizer que uma história é “adulta”).

Constantine se manteve em ato nível por décadas. Depois, suas histórias viraram medianas e, por fim, fracas – a uma história em que ele enfrenta seu próprio sobretudo! Um homem versus um casaco, o que será que vai acontecer? Zzzzzzz

Por fim, há cerca de 15 anos, Constantine deixou de ser um personagem voltado para público maduro. Sua revista mensal saiu da Vertigo e ele passou a ser um super-herói como todos os outros, fazendo até parte de uma das versões da Liga da Justiça.

E eis que agora teremos, aqui no Brasil, a publicação de “Johnny Constantine: O Mistério da Professora Malvada”, de Ryan North e Derek Charm, pelo selo DC Kids (voltado para o público infantil).

Constantine, agora Johnny em vez de John, está devidamente adaptado ao novo público – inclusive trocaram seu cigarro Silk Cut por um pirulito.

As histórias do DC Kids não contam para a cronologia oficial – Constantine ainda tem sua revista mensal (sem falar que participou, por alguns anos, do divertido seriado “Legends of Tomorrow”).

Essa adaptação para o público infantil é errada? Claro que não! Toda história merece ser contada, especialmente as boas. Mas acho curiosa a volta que este personagem deu. E interessante ver como a DC Comics está investindo em expandir a popularidade de seus principais personagens, levando-os a todos os públicos-alvos possíveis.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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