O franco-sérvio Enki Bilal é um baita quadrinista. Bom roteiros, ilustrações lindas. E, de quebra, ainda inventou um esporte.

Bilal criou uma série de ficação científica que hoje é conhecida como A Trilogia Nikopol: “A Feira dos Imortais” saiu em 1980; “A Mulher Armadilha”, em 1986; e “Frio Equador”, 1992.

“Frio Equador” é uma aventura irônica. Entre algumas tirações de sarro sutis, e outras nem tanto, Bilal aborda a busca absurda pela perfeição, tanto física quanto intelectual. E, de brincadeira, criou o boxe-xadrez.

A premissa é tão divertida quanto absurda. Os boxe-enxadristas jogavam xadrez por alguns minutos, depois lutavam um round de box, voltavam pro tabuleiro…

Eu disse “absurda”? Obviamente, alguém achou bacana. O boxe-xadrez virou um esporte, com campeonato mundial e tudo – a primeira edição foi disputada em 2003, na Alemanha.

Em 2008, entrevistei o então campeão mundial do esporte, o alemão Frank Stoldt. Ele disse que seu sonho era que o boxe-xadrez virasse esporte olímpico. Tinha um argumento interessante: se o biatlo podia, por que não o boxe-xadrez?

O biatlo faz parte dos Jogos Olímpicos de Inverno desde 1960. Como o boxe-xadrez, nasceu a partir de dois esportes que, a uma primeira vista (e talvez, a uma segunda…) não têm nada em comum: esqui e tiro esportivo.

Mas, cá entre nós, não acho que não vai rolar. Há, desde 1981, uma espécie de Olimpíada para esportes menos famosos, chamada Jogos Mundiais. Na última edição, disputada em 2017, teve dança esportiva, cabo-de-guerra, natação com nadadeiras, orientação e salvamento aquático. Mas nada de boxe-xadrez.

Como gosto de “Frio Equador” – e do Stoldt, muito simpático -, desejo muito sucesso ao boxe-xadrez. E, como este é um site sobre quadrinhos, não custa repetir: Enki Bilal é um baita quadrinista. Todas as obras dele valem uma leitura. Especialmente as que inventam esportes que um dia, quem sabe, virarão olímpicos. 😉

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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