Se eu tiver que escolher apenas 15 quadrinistas no mundo para acompanhar, a norte-americana Alison Bechdel é uma delas. Suas HQs são inteligentes, intensas e profundas – falo aqui sobre as duas já publicadas no Brasil, “Fun Home – Uma Tragicomédia em Família” e “Você É Minha Mãe?”.

E não sou só eu quem admira seu trabalho, claro. Em sua mais recente edição, o Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos norte-americanos, colocou Bechdel em seu seleto Hall da Fama – uma espécie de “Oscar pelo conjunto da obra”.

(Aliás, Bechdel brilha fora dos quadrinhos também: o livro “Fun Home”, citado dois parágrafos acima, virou musical na Broadway e levou cinco prêmios no Tony Awards de 2015, inclusive de melhor musical.)

Em 2006, quando Bechdel lançou sua primeira graphic novel (justamente “Fun Home”), ela já era uma quadrinista com décadas de estrada. Seu principal trabalho era a tira “Dykes to Watch Out For”, que foi lançada de 1983 a 2008.

A tira – normalmente de humor, mas também reflexiva – mostra o cotidiano das amigas Mo, Sydney, Ginger e Samia. Foi uma das primeiras – e mais duradouras – representação de lésbicas na cultura pop norte-america. Isso, por si só, já torna “Dykes to Watch Out For” relevante, mas há aquele algo a mais: Bechdel é uma tremenda artista, e o fator humano transborda de suas páginas. Suas personagens são imperfeitas, complexas, intrigantes, ricas em sentimentos e nuances.

Estas tiras são a base de “O Essencial de Perigosas Sapatas“, livro que acaba de sair no Brasil. Uma grande oportunidade (mais de 400 páginas!, se permite que eu me repita) para ver uma das melhores quadrinistas do mundo em ação.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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