O Eisner Awards, maior prêmio norte-americano dedicado aos quadrinhos, indicou na semana passada seus indicados deste ano.

São nada menos do que 32 categorias, com uma média de cerca de 5 ou 6 indicados em cada. Algumas poucas obras e artistas se repetem em mais de uma categoria, mas podemos dizer que devem ser por volta de 280 indicações. Impossível abarcar um prêmio tão grandioso em apenas um texto. Optei por fazer alguns recortes que me saltaram aos olhos.

* Primeiro, o multitalento do canadense Chip Zdarsky. Ele foi indicado três vezes: na categoria de melhor roteirista e duas vezes na categoria de melhor série contínua – por Demolidor (Marvel) e Stillwater (Image).

Quando falei de multitalento, eu me referia a ter vários talentos diferentes ao mesmo tempo, e não apenas ser muito talentoso em uma só área, como roteirista (o que já não seria pouco). Lá atrás, em 2014, Zdarsky venceu na categoria de melhor série nova, por “Criminosos do Sexo”, em que desenhou o roteiro de Matt Fraction. Há dois anos, essas duas qualidades  – roteirista e ilustrador – se uniram em uma história do Homem-Aranha, premiada como melhor conto no Eisner Awards de 2019. E em 2017, ganhou, com mais três colegas, na categoria humor, por “Jughead” – ou seja, algo distante de Demolidor ou Homem-Aranha.

* Outro multitalentoso é o também já bem premiado Gene Luen Yang, que concorre em cinco categorias: melhor publicação infantil e adaptação de outra mídia (ambos por “Superman Smashes the Klan”, com Gurihiru); publicação para adolescentes, trabalho baseado em fatos e melhor roteirista/artista (todos por “Dragon Hoops”). Duas obras, cinco indicações. Tá bom, né?

Recomendo duas obras dele, bem diferentes entre si, que já foram publicadas aqui no Brasil: a tocante “O Chinês Americano” e a divertida série mensal de super-heróis “Novo Super-Man” – esta, para a DC Comics.

* A minissérie em 12 números “Jimmy Olsen – Quem Matou Jimmy Olsen?” (lançada no Brasil em volume únicoi), de Matt Fraction (roteiros) e Steve Lieber (arte), resgatou um personagem do universo do Superman que fez muito sucesso dos anos 50 aos 70, quando seu título mensal ultrapassou 160 edições, mas que andava meio de lado. O resultado é que concorre em quatro categorias do Eisner Awards: melhor minissérie, publicação de comédia, roteirista (Fraction) e letrista (Clayton Cowles).

* Outra mini de destaque é “Decorum” (editora Image), lançada em oito números, de Jonathan Hickman (roteiro) e Mike Huddleston (arte). Ela também concorre a quatro prêmios: minissérie, roteirista (Hickman), artista de capa (Mike Huddleston) e letrista (Rus Wooton).

* A série inédita que mais brilhou foi “The Department of Truth” (“O departamento da verdade”, em tradução livre), da Image. Este suspense concorre em quatro categorias: melhor nova série, série contínua (James Tynion IV) e letrista (Aditya Bidikar).

Estes, claro, são apenas recortes: artistas e obras que me interessaram – e ao comitê organizador da premiação, pelo visto. Você pode conferir aqui a lista completa, mas recomendo também a coluna do Érico Assis da última sexta, que faz uma ótima reflexão sobre a premiação.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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