Estamos na Semana da Consciência Negra… E muita, muita coisa pode (e deve) ser dita e refletida sobre temas como o racismo. Não só nesses dias, claro, mas sempre. Aproveito a dada que convida à reflexão para sugerir cinco quadrinhos de autores de África do Sul, Angola, Cabo Verde, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Aya de Yopougon”, de Marguerite Abouet e Clément Oubrerie

“Aya de Yopougon” é um dos raros quadrinhos da África que saiu no Brasil. Felizmente, é ótimo: retrata, com humor e drama, o cotidiano da personagem-título Aya em Abdijan (na Costa do Marfim), cidade natal da escritora Marguerite Abouet.

Akissi”, de Marguerite Abouet e Mathieu Sapin

Sim, de novo temos uma indicação de um trabalho de Marguerite Abouet – afinal, gosto muito do trabalho dela. Este é um trabalho voltado ao público infantil, em que as aventuras da menina que dá nome à série são inspiradas na infância da própria autora.

Kong the King”, de Osvaldo Medina

O luso-angolano Osvaldo Medina fez uma adaptação caprichada – e original – da clássica história do macacão gigantesco que foi parar na cidade grande. Uma aventura com ritmo e ótimas ilustrações.

BDLP”, de vários autores, organizado por João Mascarenhas, Olímpio Sousa  e Lindomar Sousa

Cada edição do fanzine “BDLP” reúne histórias curtas de muitos autores. Este link que compartilho disponibiliza as três primeiras edições, que têm HQs do luso-angolano João Mascarenhas; dos gêmeos angolanos Olímpio e Lindomar Sousa; do moçambicano Zorito Chiwanga; do caboverdiano Sai Rodrigues etc.

Madam and Eve”, de Rico Schacherl e Stephen Francis

Esta série sul-africana é uma das minhas HQs contemporâneas favoritas – explico por que aqui, em detalhes e com elogios. Infelizmente, não há versão em português. A premissa  é simples: o cotidiano de uma rica senhora branca sul-africana (a “madame” do título) e sua faxineira negra (Eve). O roteiro (sempre inteligente) aborda temas que vão dos problemas em viver em um país que não tem infraestrutura adequada ao preconceito diário que a pessoa não sabe que pratica. O Apartheid acabou, mas ainda é preciso refletir sobre ele.

Brinde – “Púrpura”, de vários autores

Já apresentei aqui cinco HQs de autores africanos. Peço licença para uma sexta obra, que tem sete artistas africanos, de cinco países diferentes. Ela está em português e foi lançada no Brasil, mas eu a apresento como “brinde”, e não como uma das cinco “oficialmente” indicadas, por um simples motivo: fui eu que a escrevi.

Espero um dia falar mais sobre “Púrpura” aqui no blog, mas faço uma apresentação simples. São oito histórias de oito páginas, todas escritas por mim e ilustradas pelo meu amigo Mário César, do ótimo “Bendita Cura”. Cada HQ se passa em um país que fala português, então convidamos um artista de cada um desses países para fazer a página de abertura de cada uma dessas páginas. Ou seja, o plano inicial era sermos dez: Mário, oito aristas lusófonos e eu. Mas entramos em contato com tantos bons artistas que viramos 18 – criamos uma sessão extra de ilustrações especiais só para aproveitarmos o talento de oito artistas que nos agradaram muito.

Como o texto de hoje é sobre artistas africanos, vou listar aqui apenas os autores de “Púrpura” que nasceram no continente:

Angola – J. Mascarenhas e Osvaldo Medina

Cabo Verde – Sai Rodrigues

Guiné-Bissau – Dito Buanh e Manuel Júlio

Moçambique – José Lopes

São Tomé e Príncipe – Ismaël Sequeira

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

Quer falar comigo, mas não pelos comentários do post? OK! Meu e-mail é pedrocirne@gmail.com

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