Sabrina desapareceu. Foi sequestrada? Assassinada? Cometeu suicídio? Fugiu de tudo e de todos? Não sabemos, nem o namorado dela. Abatido, desesperado, em depressão, ele vai morar com um amigo para se recuperar.

Este é o resumo “Sabrina”, de Nick Drnaso, obra que aborda três dos principais problemas da segunda década do século 21: depressão, fake news e teorias da conspiração. Afinal, se a Sabrina desapareceu, então o namorado dela tem de ser o culpado, certo? Óbvio que não. Mas o livro mostra bobagens como essa surgindo na internet e, claro, afetando a vida de cada um dos envolvidos – inclusive o rapaz, profundamente abatido por uma depressão.

No período em que devorei “Sabrina”, misturava a leitura da HQ com o noticiário do mundo real. As teorias da conspiração não fazem sentido nem na ficção nem na realidade e, no entanto, estão aí, fazendo mal a quem acredita nelas e, especialmente, aos seus alvos. Eu me pergunto: Como a humanidade passou a acreditar em qualquer coisa sem o menor fundamento científico? Terra plana? Curas milagrosas para a Covid? Fraude em eleições de democracias consolidadas?

Se você quer refletir sobre esses temas, tenho duas sugestões.

1 – Ler “Sabrina“, claro. Dá para refletir muito sobre ela. Escrevi um artigo um pouco mais extenso sobre esta graphic novel na minha coluna semana no site da TV Cultura.

2 – Ler a coluna do Ronaldo Lemos na Folha da semana passada. Vou citar um trecho – ele está falando sobre o QAnon, mas você pode substituir pela teoria da conspiração que quiser:

“Em resumo, o QAnon influencia porque incentiva as pessoas a se tornarem ‘detetives’ na internet, em busca da ‘verdade’. Para isso, os mantenedores da estratégia espalham pistas muito bem escondidas pela rede. Um vídeo ali, uma informação em um site aqui, uma frase de um discurso político acolá.

Ao não entregar a informação pronta, o QAnon dá às pessoas uma sensação de inteligência e satisfação ao permitir que descubram ‘por si mesmas’ essa verdade oculta, cuidadosamente espalhada.”

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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