O próximo domingo é dia 15 de Novembro. Eu e mais 45 milhões celebraremos o aniversário do Flamengo, é verdade. Mas a nação inteira comemora a Proclamação da República. Aproveito o momento para sugerir sete ótimos quadrinhos sobre história brasileira.

Não estou dizendo aqui, claro, que basta ler um destes livros que você aprenderá tudo sobre o período… Mas, se for como eu, vai se sentir imerso naquele momento histórico – e com vontade de aprender muito mais. Vários deles, inclusive, vêm com bibliografia e sugestões para que o aprendizado continue quando a leitura acabar.

Meu critério para selecionar as HQs passa por dois pontos. O primeiro, claro, é elas serem ótimas… O segundo tem a ver com a época retratada.

Foram mais de 300 anos entre a chegada dos portugueses e a independência brasileira, então selecionei três que abordam o período histórico do Brasil Colônia.

A fase seguinte, da monarquia, é retratada pelo brilhante jornalista e quadrinista Angelo Agostini (1843-1910), que misturava palavras e imagens para retratar o século 19.

Por fim, há um menu de ótimas HQs ambientadas nos séculos 20 e 21, mas quis representar três momentos específicos: o Brasil durante as guerras mundiais (a primeira metade do século); a ditadura (momento importante da segunda metade); e o século 21 e sua (aparentemente infinita) pandemia.

Brasil – Colônia
Os Brasileiros“, de André Toral
Sete histórias ambientadas no período de conolinzação do Brasil. Índios, bandeirantes, portugueses e fazendeiros em representações precisas e dramáticas da história brasileira.

Angola Janga – Uma História de Palmares“, de Marcelo D’Salete
Amparada em excelente pesquisa, a graphic novel retrata, em mais de 400 páginas, a história do Quilombo de Palmares.

Adeus, Chamigo Brasileiro“, de André Toral
Uma graphic novel profunda sobre a participação brasileira na “Guerra do Paraguai”. Assim como o já citado “Os Brasileiros”, do mesmo autor, um ótimo livro.

Brasil – Monarquia
Nhô Quim“, de Angelo Agostini
Este não é um livro sobre a monarquia brasileira, mas sobre o povo que ela comandava. Escrito e ilustrado por uma testemunha do Brasil do século 19, esta HQ é uma aula interessante de como eram a sociedade de então.

O Senado brasileiro lançou, em 2002, uma impecável edição chamada “As Aventuras de Nhô-Quim e Zé Caipora: os primeiros quadrinhos brasileiros 1869-1883”. São 40 páginas de textos explicando quem foi Agostini e como aquelas séries foram publicadas, além de 160 páginas de quadrinhos. O livro está disponível, online e de graça, no site do Senado Federal.

Brasil – República (antes da ditadura)
J. Carlos contra a guerra: as grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro”, de J. Carlos
O carioca José Carlos de Brito e Cunha (1884-1950) foi um dos mais completos artistas gráficos que o Brasil já teve (falo mais sobre a carreira dele aqui). Entre suas muitas qualidades, estava a de excelente retratista do seu tempo. Este livro que indico reúne charges criadas antes, durante e depois das duas Grandes Guerras, com contundentes (e hilárias) críticas aos principais atores políticos do seu tempo: Hitler, Mussolini, Stalin, Hirohito, Churchill, Getúlio Vargas…

Brasil – Ditadura
Subversivos.”, de André Diniz
No início deste século, Diniz lançou “Subversivos”, uma série de histórias ambientadas na época da ditadura militar. Personagens, ambientes, cenas: tudo muito vívido. Recomendo qualquer edição de “Subversivos”, embora tema que você vá ter dificuldade para encontrar.

Brasil – Século 21
Confinada”, de Leandro Assis e Triscila Oliveira
O que pode ser mais atual do que isso? Publicada semanalmente no Instagram, essa série um instantâneo do Brasil durante a pandemia. Uma patroa e uma empregada doméstica convivem durante o isolamento social causado pela Covid-19.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

Quer falar comigo, mas não pelos comentários do post? OK! Meu e-mail é pedrocirne@gmail.com

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