Ontem eu inaugurei a série Quadrinistas Eternos com Stan Lee e Jack Kirby. Hoje vou contar uma história de quando eles ainda estavam o Universo Marvel como o conhecemos hoje. Era outubro de 1963, e eles publicaram “Prisioneiros do Faraó!”, uma das mais divertidas aventuras do Quarteto Fantástico.

O que essa história tem demais? Bem, ela é tão interessante, e importante para o Universo Marvel, que, décadas depois, nada menos do que três roteiristas deram um jeito de fazer seus personagens viajarem no tempo para participarem dela. Detalhe: em todas as vezes, era necessário dar um jeito dos heróis em questão não participarem diretamente, ou estragariam a história original.

Na aventura, Reed Richards, o homem com uma infinita sede de saber, descobre que os livros de História trazem lacunas incompreensíveis sobre um certo período do Egito Antigo e resolve viajar para o ano 2940 aC. O que poderia dar errado?

O faraó do título não é quem parece… Ele pode ser um deus, um viajante do tempo, alguém de outra dimensão ou todas as anteriores… Enfim, Rama-Tut é uma criatura superpoderosa, capaz de derrotar com facilidade o Quarteto.

Ah! Claro, ele se apaixona por Susan Richards, a Mulher Invisível…

Essa teria sido só mais uma boa história da dupla Lee & Kirby com o Quarteto Fantástico – eles ficaram dez anos na revista, e criaram mais de cem aventuras -, mas os futuros escritores e editores da Marvel Comics resolveram que não a deixariam quieta…

  • “Doctor Strange” nº 52 (publicada em 1982): esta história faz parte da Saga de Morgana Blessing – para mim, a melhor fase do Doutor Estranho de todos os tempos. Para salvar uma amiga, o “Feiticeiro Supremo” tem de viajar no tempo e interagir com a alma dela, que estará reencarnada em outros corpos.
    A aventura dura algumas edições, e no nº 52 vai para o Egito Antigo, onde interage com o Quarteto Fantástico – invisível, claro, para não ser notado por eles.
  • “West Coast Avengers” nº 23 (1987): mesmo antes do cinema, os Vingadores já tinham um relativo sucesso. Chegaram a ter duas equipes diferentes atuando ao mesmo tempo: os Vingadores originais atuavam em Nova York, costa atlântica dos Estados Unidos, enquanto um outro grupo, com heróis menos famosos, vivia do outro lado do país: os Vingadores da Costa Oeste.
    E foi o pessoal da Costa Oeste que estrelou a saga “Lost in Space-Time” (“Perdidos no Espaço-Tempo”), em que, claro!, foram para no agitado ano de 2940 aC., onde encontraram o Quarteto Fantástico. E, depois, o Doutor Estranho.
  • “A Ascensão de Apocalipse”, números 1 ao 4 (1996-97): nesse caso, não houve viagem no tempo. A minissérie que conta a origem de um dos maiores inimigos dos X-Men mostra sua infância em um Egito Antigo. E o que aparece como pano de fundo? Sim, o confronto entre o Quarteto Fantástico e Rama-Tut…

Mas não foi só a mistura de viagem no tempo com Egito Antigo que agradou. Parece que todo mundo queria um pouco de Rama-Tut. Como assim?

  • um dos maiores inimigos dos Vingadores, o imortal Kang, é outra encarnação de Rama-Tut que também viaja no tempo.
  • Immortus, mais um inimigo dos Vingadores que viaja no tempo, revela-se também uma encarnação de Rama-Tut. E do Kang, claro.
  • Nathaniel Richards, o Rapaz de Ferro, é mais uma versão de Rama-Tut. Esse porém, é um herói, membro-fundador dos Jovens Vingadores.

Achou confuso? OK. Esqueça todas essas versões alternativas de Rama-Tut e apenas curta as histórias… Porque, senão, eu ainda vou falar de mais algumas versões: o Centurião Escarlate, o Kid Immortus etc.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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