O termo “mangá” é impreciso. Para nós, quer dizer qualquer história em quadrinhos oriunda do Japão. Mas há algumas nuances. Quando a HQ japonesa é voltada para o público adulto, o termo mais preciso é “gekigá”.
Muitos artistas lutaram pelo reconhecimento dos gekigás. Poucos foram tão relevantes nesse sentido quanto Yoshihiro Tatsumi (1935-2015). Aliás, foi ele quem cunhou o termo “gekigá”.
A editora Veneta colocou em pré-venda “Vida à Deriva”, autobiografia de Tatsumi. Trata-se de uma obra impactante para nós, fãs de quadrinhos. Afinal, a vida dele se entrelaça, a todo instante, a uma batalha pelo reconhecimento dos gekigás – e, por extensão, das HQs.
Em um trecho de “Vida à Deriva” de que gosto (e que já citei por aqui), um mangaká (artista de mangá) critica o trabalho de Tatsumi:
– Você precisa simplificar. Estilização é a essência do mangá. Você tem que simplificar tudo para não desperdiçar uma linha.
Ao que ele, então em início de carreira, responde:
– Mas isso não é mangá. Estou usando a metodologia do mangá para articular algo inteiramente novo. Não vou usar nenhum tipo de estilização que atrapalhe o que está sendo expresso.
O tipo de Arte que ele viria a criar ainda estava se desenvolvendo. O gekigá, como é conhecido hoje, não existia: estava em formação.
A vida de Tatsumi é muito interessante. E virou um livro ótimo e profundo. Voltarei a ele no futuro. Por enquanto, fica a dica deste baita gekigá.