Eu gostava de tudo quando fazia curso técnico de quadrinhos na Quanta Academia. Os professores, os alunos, o intercâmbio de apaixonados pela nona arte. E, claro, havia as dicas – de outros alunos, mas também do corpo docente.

E entre tantas sugestões marcantes, uma delas foi a série europeia “Blacksad”, dos espanhois Juan Díaz Canales (texto) e Juanjo Guarnido (arte). Na época, apenas dois álbuns haviam sido publicados, e eles eram, de fato, bem interessantes.

John Blacksad é um detetive durão pago para missões difíceis. Mas não é só isso: os personagens de suas histórias são animais humanizados – Blacksad é uma espécie de gato enorme, sempre taciturno, solitário e de sobretudo como qualquer detetive noir que se preze. Ao seu redor estão o policial Smirnov, um pastor alemão, e o jornalista Semanal, uma fuinha que funciona como alívio cômico.

Esse recurso de ter personagens como animais antropomórficos é uma ótima oportunidade para o criativo Guarnido desfilar seu talento.

Cinco álbuns foram publicados entre 2000 e 2013 – todos lançados no Brasil pela Editora do Sesi-SP. E agora, após oito anos, Canales e Guarnido estão de volta: a Dargaud anunciou para outubro o sexto volume, “Alors, tout tombe – Première partie” (“Então, tudo cai – parte 1”, em tradução livre). Como o nome sugere, é uma aventura em duas partes – ou seja, haverá um sétimo volume em um futuro próximo.

A previsão é de mais envolventes aventuras de detetive, narradas com uma arte linda e protagonizadas por personagens inusitados. E tem o Semanal, sempre divertido.

ps – O roteirista Canales esteve envolvido em um projeto muito interessante neste hiato: foi a primeira pessoa a escrever o icônico Corto Maltese após a morte de seu criador, Hugo Pratt. Foram três álbuns entre 2015 e 1019 – todos, infelizmente, inéditos no Brasil.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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