Amanhã, a Disney+ coloca no ar o primeiro capítulo da série “Falcão e o Soldado Invernal“. Trata-se de uma continuação direta do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). Após 23 bem sucedidos longas no cinema, a mitologia Marvel está migrando para a TV – e os celulares, claro.

Algumas séries da Marvel na TV, especialmente “Agents of S.H.I.E.L.D.”, até tiveram algumas pequenas interações com os longas do cinema. O jogo mudou com o lançamento do canal Disney+: “WandaVision” é consequência direta dos últimos filmes e vai impactar os próximos. O mesmo vale para “Falcão e o Soldado Invernal”.

Assim, separei algumas curiosidades desses personagens nos quadrinhos. Hoje, falo do Soldado Invernal, anteriormente conhecido como Capitão América, anteriormente conhecido como Bucky. Amanhã será a vez do Falcão – sua ligação com o Brasil e seus misteriosos superpoderes.

Um codinome nada pomposo
O Soldado Invernal foi criado na mesma história e página que seu companheiro Capitão América, há exatos 80 anos. Era a Era de Ouros dos Quadrinhos de super-heróis, e os personagens tinham nomes pomposos (SUPERman, Mulher-MARAVILHA) ou, pelo menos, com indicação de suas habilidades (TOCHA Humana, Homem-MORCEGO, Homem-AREIA).
Hoje conhecido como Soldado Invernal, nosso herói surgiu com um codinome nada empolgante: Bucky, diminutivo do seu nome do meio: James Buchanan “Bucky” Barnes.
Bucky foi criado por Joe Simon e Jack Kirby. Simon contou, em sua autobiografia, que o batizou como uma singela homenagem a um amigo que jogava bem basquete.

Uma morte (?!) que durou quatro décadas
O Capitão América e Bucky foram criados como personagens de aventuras ambientadas na Segunda Guerra Mundial. Em uma história publicado em 1964, a Marvel divulgou que ele havia morrido em batalha.
Bucky permaneceu morto por mais de quatro décadas – um recorde no gênero dos super-heróis. Mas ressuscitou, claro, em uma trama mirabolante que o colocou no presente: ele não morreu, foi capturado pela União Soviética e, por décadas, transformado em um soldado meio homem meio ciborgue, treinado para matar. Essa história foi contada em 2005, na saga “Capitão América – O Soldado Invernal”.

Membro de oito (!!) supergrupos
Bucky é um cara bacana. Só pode ser. Ele faz ou fez parte de nada menos do que oito (!) supergrupos de heróis da Marvel:

  • Legião da Liberdade, grupo que lutou na Segunda Guerra Mundial. Ao lado dele, estavam ilustres desconhecidos da Marvel como Corvo Vermelho, Diamante Azul e Jack Frost.
  • Jovens Aliados: outra equipe da Segunda Guerra. Batalharam com ele os bravos heróis (ainda que de codinomes meio estranhos) Centelha, Lamparina e Sardento, entre outros.
  • Kid Commandos: sim, mais um grupo de jovens heróis na Segunda Grande Guerra! Aqui, Bucky atua ao lado de Centelha (de novo), Pião Humano e Garota Dourada.
  • Invasores: assim como os três times anteriores, são heróis atuando juntos na Segunda Guerra. Desta vez, entretanto são os pesos pesados da Marvel: Capitão América, Namor, Tocha Humana…
  • Vingadores, claro! Algum herói da Marvel não fez parte dos Vingadores?
  • Thunderbolts: um dos grupos mais bacanas da Marvel, que merece um texto só para eles no futuro. Basicamente, era uma revista mensal com super-heróis de quem ninguém ouviu falar. Aí, após meses acompanhando as aventuras dos “heróis”, descobriu-se que eram vilões disfarçados 🙂 Bucky teve sua participação na equipe bem depois disso.
  • War Avengers: grupo de uma missão só, liderada pela Capitã Marvel e com Deadpool e Lady Sif entre os integrantes mais conhecidos.
  • Strikeforce: esse é um grupo bem recente, lançado pela Marvel em 2019 e ainda inédito no Brasil. Nem todos os heróis são desconhecidos aqui: há a Mulher-Aranha, o Blade e o Wicanno (que já até apareceu no MCU).

Muitos superpoderes
Bem antes de virar Soldado Invernal, Bucky não tinha poderes. Aliás, nem era maior de idade: era um adolescente magrelo que usava uma máscara e lutava na Segunda Guerra Mundial. Uma temeridade.
Quando foi transformado em Soldado Invernal, Bucky passou a ter um corpo cibernético – quase um ciborgue, bem mais forte e veloz que um humano normal. De quebra, ainda ganhou de Nick Fury uma tal de Fórmula Infinita, um soro que o deixou ainda mais poderoso.

Os outros Buckies
Tanto na Marvel quanto na DC, codinomes são legados que devem ser passados adiante. Depois que Bucky “morreu” na Segunda Guerra (ou seja, estava na União Sovética), muitos outros heróis assumiram seu manto:
Bucky 2 – Fred Davis Jr. virou o Bucky ainda na Segunda Guerra Mundial, onde atuou com o supergrupo Esquadrão Vitorioso. É ele aí em cima, o único Bucky loiro.
Bucky 3 – Jack Monroe, um personagem muito bacana, que depois sofreu nas mãos de maus roteiristas. Foi o Bucky dos anos 50. Teve envelhecimento retardado de uma maneira similar à do Capitão América, e nos anos 80 e 90 agiu como o super-herói Nômade até ser assassinado.
Lembra que eu falei dos maus roteiristas? O governo americano o “ressuscitou” e o transformou no vilão Carrasco do Submundo. :-/
Bucky 4 – Um dos personagens mais bacanas da Marvel – e um de história mais confusa, então vou abreviar bastante. Rick Jones surgiu na primeira história do Hulk e virou o melhor amigo de Bruce Banner. Depois disso, virou parceiro do Capitão América (como Bucky!) e do Capitão Marvel. Durante um tempo, ele mesmo foi o Hulk – ou melhor, um deles: o outro ainda era o Bruce Banner de sempre. O Hulk aí embaixo é o Rick Jones, ex-Bucky 4, e não Bruce Banner.


Rick Jones deixou de ser o Hulk, voltou a ser humano, virou outro herói (o Bomba-A), morreu e ressuscitou. Às vezes, essas histórias rocambolescas me dão um pouco de sono, confesso.
Bucky 5 – Lemar Hoskins foi o primeiro Bucky mais vilão do que herói. Antes disso, foi um personagem bobo que atendia pelo nome de Battlestar, traduzido no Brasil como Estrela Negra.
Bucky 6 – A primeira Bucky mulher! Infelizmente, sua história é confusa. Em resumo, ela (você pode a ver logo abaixo) se chama Rebecca Barnes e veio de outra dimensão, onde é neta do Bucky e da Peggy Carter de lá. Assim como o já citado Jack Monroe, ela também assumiu o nome de Nômade.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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