O francês Benoît Peeters é um grande teórico dos quadrinhos. Formado em filosofia e com mestrado em ciências sociais, publicou livros teóricos sobre a nona arte como “Le Monde d’Hergé” e “Hergé, fils de Tintin” (“O Mundo de Hergé” e “Hergé, Filho de Tintim”, respectivamente).

E Peeters também é ótimo criando quadrinhos. Sua série “As Cidades Obscuras” (imagem abaixo), cocriada com o excelente ilustrador belga François Schuiten, é uma prova disso. As histórias desta saga se passam em uma Terra paralela em que a humanidade se dividiu em cidades-estados autônomas. Elas são civilizações bem distintas, e isso é notável, sobretudo, na arquitetura. Os roteiros de Peeters para “Cidades Obscuras” são carregados na estranheza e no mistério, envolventes e sem desenlaces rápidos ou fáceis.

Mas voltemos ao lado teórico de Peeters. Ele está no Brasil para aulas na UFRJ, na USP e na UnB, segundo vi no Fora do Plástico. E, aproveitando o ensejo, a editora QS Comics e Observatório de História em Quadrinhos, da USP, disponibilizaram gratuitamente um ebook de Peeters: “Histórias em Quadrinhos: A Nona Arte“. É um livreto curto (74 páginas), mas com dois textos: “A genialidade da banda desenhada: de Rodolphe Töpffer a Emil Ferris” e “Uma arte nova: a banda desenhada”.

Sou muito fã de Peeters, como escrevi aqui (“Quadrinistas maravilhosos: os mistérios, as fantasias e a arquitetura de Schuiten e Peeters“), e não entendo por que ele foi tão pouco publicado aqui no Brasil – sua série principal, a citada “Cidades Obscuras”, permanece inédita, segundo o ótimo site Guia dos Quadrinhos. Diante desta escassez, e do enorme conhecimento de Peeters, 74 páginas pode parecer pouco migalha, mas é um banquete.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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