Uma notícia surpreendente – e até certo ponto inquietante – atingiu o mundo dos quadrinhos esta semana: “Valentina“, a obra-prima erótico-fantasiosa do italiano Guido Crepax, terá uma história inédita lançada este ano – e por um novo autor.
Crepax (1933-2003) criou as fabulosas histórias de Valentina entre 1965 e 95. Fantasiosas e fantásticas, com tons de ficção cientíca e metalinguagem, as HQs desta aventureira fotógrafa italiana transcendem o gênero do erotismo justamente pelo talento ímpar de Crepax, que por vezes criava narrativas oníricas, quase líricas, que eram representadas por meio de uma arte soberba.
Segunda a agência italiana de notícias ANSA, a editora Feltrinelli Comics vai começar este ano uma coleção de livros com a personagens. Alguns volumes terão as histórias clássicas de Crepax, mas “Valentina è vera“, previsto para outubro, é uma obra inédita, criada por Sergio Gerasi – de “Dylan Dog” e “Eternity” (abaixo).
Como fã da personagem, acho a notícia surpreendente – e inquietante. Crepax costurava suas histórias com um estilo único, misturando sonhos, delírios, realidade e memórias como peças de um quebra-cabeças. Intricado, nada fácil, autêntico, deslumbrante. Mais do que criar uma nova história para uma personagem icônica, Gerasi vai ter de lidar com o fato de que a própria estrutura narrativa de suas histórias é única e, acredito, inigualável. Uma prebenda e tanto para Gerasi, que não parece intimidado: já anunciou que as aventuras continuarão se passando em Milão, mas nos dias de hoje. Uau.