
O francês Benoît Peeters é um grande teórico dos quadrinhos. Formado em filosofia e com mestrado em ciências sociais, publicou livros teóricos sobre a nona arte como “Le Monde d’Hergé” e “Hergé, fils de Tintin” (“O Mundo de Hergé” e “Hergé, Filho de Tintim”, respectivamente).
E Peeters também é ótimo criando quadrinhos. Sua série “As Cidades Obscuras” (imagem abaixo), cocriada com o excelente ilustrador belga François Schuiten, é uma prova disso. As histórias desta saga se passam em uma Terra paralela em que a humanidade se dividiu em cidades-estados autônomas. Elas são civilizações bem distintas, e isso é notável, sobretudo, na arquitetura. Os roteiros de Peeters para “Cidades Obscuras” são carregados na estranheza e no mistério, envolventes e sem desenlaces rápidos ou fáceis.

Mas voltemos ao lado teórico de Peeters. Ele está no Brasil para aulas na UFRJ, na USP e na UnB, segundo vi no Fora do Plástico. E, aproveitando o ensejo, a editora QS Comics e Observatório de História em Quadrinhos, da USP, disponibilizaram gratuitamente um ebook de Peeters: “Histórias em Quadrinhos: A Nona Arte“. É um livreto curto (74 páginas), mas com dois textos: “A genialidade da banda desenhada: de Rodolphe Töpffer a Emil Ferris” e “Uma arte nova: a banda desenhada”.
Sou muito fã de Peeters, como escrevi aqui (“Quadrinistas maravilhosos: os mistérios, as fantasias e a arquitetura de Schuiten e Peeters“), e não entendo por que ele foi tão pouco publicado aqui no Brasil – sua série principal, a citada “Cidades Obscuras”, permanece inédita, segundo o ótimo site Guia dos Quadrinhos. Diante desta escassez, e do enorme conhecimento de Peeters, 74 páginas pode parecer pouco migalha, mas é um banquete.