Desde que surgiu, lá nos anos 30, o gênero dos super-heróis sempre enfatizou o lado “super”. Os leitores gostavam da fantasia: alguém saltando sobre edifícios (voar, então, nem se fala), erguendo um carro com uma mão etc.

A Marvel começou a mudar isso nos anos 60, enfatizando o lado “humano” dos super-humanos. O ápice foi o Homem-Aranha, um universitário com azar no dinheiro, no amor e onde mais fosse possível.

Entre altos e baixos, os leitores sempre se depararam com super-humanos oscilando entre “super” e “humanos”. E, para mim, poucos foram tão originais com Jessica Jones, criada por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos para a Marvel em 2001.

A própria premissa da Jessica Jones era ótima: ela tinha muitos poderes, mas… havia desistido de ser “super”. Por isso é apresentada com nome e sobrenome, e não codinome heroico. Trabalha como detetive particular em um escritório velho e meio feio, e não com um uniforme colorido na Mansão dos Vingadores, no Edifício Baxter (do Quarteto Fantástico) ou na escola que abriga os X-Men. Jessica Jones, com nome e sobrenome, é diferente.

As histórias dela são histórias de detetive, é verdade, mas ambientada no universo Marvel. Então, teremos supervilões, super-heróis, mutantes etc. E dois pontos altos: os roteiros e a arte. Ou seja, pacote completo.

Brian Michael Bendis estava em fase brilhante. Diálogos afiados (e enormes, segundo quem não gosta dele), personagens cheios de falhas, mistérios inteligentes. E a arte de Michael Gaydos é linda e casa perfeitamente com os roteiros de Bendis.

Tudo isso para dizer que a Panini reuniu as nove primeiras histórias desta ótima personagem em “Marvel Essenciais – Jessica Jones: Alias”, volume 1. A revista original teve apenas 28 números. Não sei se a Panini vai republicar a saga inteira, mas, se sim, deverão ser publicadas mais duas edições para completar a publicação. Tomara.

ps – não, eu não esqueci que Jessica Jones virou um ótimo seriado (especialmente a primeira e a terceira temporadas). Recomendo.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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