O espanhol Paco Roca é um dos grandes quadrinistas em atividade. São deles, por exemplo, o tocante “Rugas” e o resgate histórico “Acasos do Destino”, ambos ótimos. E agora está em pré-venda mais um livro dele amparado em fatos reais: “O Abismo do Esquecimento” (ed. Devir), em que faz parceria com o jornalista e escritor Rodrigo Terrasa.

Roca e Terrasa abordam um tema delicado e importantíssimo: as milhares de execuções clandestinas relizadas na Espanha sob o regime de Franco. Para tanto, eles ouviram vítimas da repressão franquista. São histórias de vítimas sorrateiramente assassinadas e enterradas, por vezes em covas coletivas. As famílias sequer tiveram direito a uma despedida humana de seus entes queridos, como um enterro.

O livro já recebeu dois prêmios em seu país de publicação: o de Salón del Cómic de Valencia e o de críticos de quadrinhos. Abaixo, a sinopse da editora brasileira:

“Em 14 de setembro de 1940, 532 dias após o fim da Guerra Civil Espanhola, José Celda foi baleado pelo regime Franquista com outros 11 homens nos fundos do Cemitério de Paterna, em Valência, e sepultado com eles em uma vala comum. Mais de sete décadas depois, e após uma longa e difícil jornada contra a burocracia, Pepica, filha de José, uma senhora idosa já na casa dos oitenta anos, finalmente conseguiu localizar e recuperar seus restos mortais para restaurar sua dignidade. Na batalha pessoal de Pepica Celda contra o esquecimento, o papel de Leoncio Badía foi decisivo. Ele era um jovem republicano que conseguiu trabalho como coveiro no cemitério de sua cidade, depois de ser solto da prisão. Obcecado pelo sentido da vida e pela ordem do universo, Leoncio colaborou secretamente durante anos com as viúvas dos condenados pelo regime de Franco para deixar alguma forma de identificação dos corpos e enterrá-los da maneira mais digna possível.
O abismo do esquecimento mostra um labirinto intrincado e comovente que tenta desvendar as misérias de um país que parece insistir em desprezar sua memória.”

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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