A francesa Louise Michel é uma figura histórica do século 19: revolucionária, anarquista, feminista, escritora, líder, palestrante. Acima de tudo, uma pessoa que lutou contra a desigualdade. Não em um e outro momento, mas por praticamente toda a sua vida.

Sua inspiradora história inspirou o talentoso casal britânico Bryan Talbot e Mary M. Talbot a narrar sua vida em quadrinhos. O resultado é, como se pode esperar a partir do currículo de ambos, ótimo. Bryan é quadrinista com longa trajetória de publicações na Inglaterra e nos EUA. Mary, por sua vez, é doutora pela Universidade de Lancaster, na Inglaterra, com a tese “Language, Intertextuality and Subjectivity: Voices in the Construction of Consumer Femininity” (Linguagem, Intertextualidade e Subjetividade: A Construção da Feminilidade Consumidora).

O rigor histórico de Mary e o talento de Bryan (não só como ilustrador, mas como narrador também) nos levam a uma biografia detalhista e cuidadosa. Ler as meticulosas notas biográficas que amparam cada cena nos dá uma dimensão do esmero dos dois historiadores-artistas. “A Virgem Vermelha” (editora Veneta, tradução de Ludmila Hashimoto) não decepciona os fãs de quadrinhos nem os de História – pelo contrário, encanta a todos ao descrever uma personagem tão viva e cheia de ideias.

Você vai sair da leitura com vontade de ler o primeiro livro da dupla, infelizmente ainda inédito no Brasil: “Dotter of Her Father’s Eyes”, biografia de Lucia Joyce, filha do escritor James Joyce. E, claro, com vontade de aprender muito mais sobre a própria Louise Michel.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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