A editora norte-americana Rotland Press publicou recentemente um pequeno livro que quero muito ter em minha coleção: “The Angriest Dog in the World”, com HQs escritas e desenhadas por David Lynch.

Sim, é o mesmo David Lynch que dirigiu os incríveis filmes “A Estrada Perdida” e “Cidade dos Sonhos”, além da fabulosa série “Twin Peaks”, entre tantos outros. E que também se dá o luxo de certas excentricidades, como o curta “What Did Jack Do?”, em que um policial (interpretado pelo próprio Lynch) interroga um macaco a respeito de um assassinato passional de uma… galinha.

Dizer que uma obra de Lynch causa estranhamento é meio como dizer que a chuva molha. Mesmo assim, vamos tentar explicar o que é “The Angriest Dog in the World” (“o cão mais raivoso do mundo”). Trata-se de uma série de tiras de quatro a cinco quadros publicadas, sem nenhuma periodicidade, de 1983 a 92.

O primeiro quadro é sempre uma introdução: “O cachorro que está com tanta raiva que não consegue se mexer. Ele não pode comer. Ele não consegue dormir. Ele mal consegue rosnar. Preso tão fortemente pela tensão e raiva, ele se aproxima do estado de rigor mortis [rigidez cadavérica]”.

Nos quadros seguintes, a imagem é praticamente a mesma: o tal cão preso a uma coleira, com cara de ódio. A história é contada por meio de recordatórios ou balões de fala, e muitas vezes não têm nada a ver com o tal cão raivoso. Pode ser enquadrado na prateleira com a etiqueta de “humor”, mas talvez caiba melhor em “o que David Lynch chama de humor”.

O livro reúne tem apenas 40 páginas e reúne 17 dessas histórias, com uma diagramação… estranha, claro. Afinal, é um livro do David Lynch.

Quero muito esse livro.

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Escrito por

Pedro Cirne

Meu nome é Pedro, nasci em 1977 em São Paulo e sou escritor e jornalista - trabalho no Estadão e escrevo sobre quadrinhos na TV Cultura.
Lancei dois livros: o primeiro foi "Púrpura" (Editora do Sesi-SP, 2016), graphic novel que eu escrevi e que contou com ilustrações 18 artistas dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Este álbum contemplado pelo Bolsa Criar Lusofonia, concedido a cada dois anos pelo Centro Nacional de Cultura de Portugal.
Meu segundo livro foi o romance "Venha Me Ver Enquanto Estou Viva”, contemplado pelo Proac-SP em 2017 e lançado pela Editora do Sesi-SP em dezembro de 2018.
Como jornalista, trabalhei na "Folha de S.Paulo" de 1996 a 2000 e no UOL de 2000 a 2019.

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