
Não sei você, mas eu torço o nariz quando ouço que tal cara é um “gênio” ou “incontornável” de sua área. Às vezes me parece, por exemplo, que o futebol brasileiro vê nascer 30 Pelés e 40 Zicos a cada temporada, ou 20 Fernandas (Torres ou Montenegro, pode escolher) por novela. Então, eu tenho sempre um pé atrás.
Dito isso, o norte-americano Al Capp é um dos grandes gênios das histórias em quadrinhos. Vou entender se você torcer o nariz, então dê uma pesquisa no rapaz e na sua obra, como a genial tira Ferdinando (“Li’l Abner“, no original), que ele escreveu e ilustrou continuamente por 43 anos. O cara era demais.
Nestas mais de quatro décadas com Li’l Abner, Capp criou um rol extenso de coadjuvantes interessantes – e alguns “animais metafóricos”, por assim dizer. Os curiosos shmoos são um exemplos: criaturas dóceis e fofas, pequenas e sem braços. E, agora, todas as tiras envolvendo os shmoos sairão aqui no Brasil, em uma coletânea que a Veneta colocou no Catarse: “Shmoo“.

Abaixo, a sinopse da editora.
“Até hoje nenhum outro quadrinista do Ocidente conseguiu atingir o nível de popularidade que Al Capp teve no século XX: todos os dias, dezenas de milhões de leitores acompanhavam Li’l Abner, sua tira de jornal publicada no mundo inteiro desde 1934, que chegou ao Brasil como Ferdinando. Aquele que talvez seja seu personagem mais popular surgiu em 1948 e se tornou um extraordinário fenômeno da cultura pop: o Shmoo, uma estranha criatura rechonchuda e adorável que conquistou corações e gerou uma febre comercial sem precedentes nos Estados Unidos. Com sua incrível habilidade de transformar-se em objetos úteis e em alimentos, os Shmoos multiplicavam-se com uma rapidez impressionante, oferecendo uma utopia de abundância que questionava o capitalismo e a sociedade moderna.
Embora pareça apenas uma criatura bonitinha e carismática, o Shmoo é também uma metáfora criada por Al Capp para refletir sobre o capitalismo, o consumo e as contradições da sociedade americana do pós-guerra. Capaz de se multiplicar, alimentar, vestir e servir os humanos sem pedir nada em troca, o Shmoo despertou tanto amor quanto medo — especialmente entre empresários preocupados com a ameaça que ele representava à lógica do lucro.
O livro que chega agora ao Brasil reúne, pela primeira vez, todas as tiras do personagem publicadas na tira Li’l Abner entre 1948 e 1976, além de fotografias raras do autor e ilustrações que marcaram a época. Conheça as aventuras hilariantes de Shmoo com a família Barnabé, Violeta Ouriço, Jão Sujeira, Véio Moisés, os Mequetrefes e tantos outros personagens que conquistaram o mundo com humor e carisma. A organização do livro, repleto de notas explicativas, que contextualizam os diferentes períodos em que a saga foi publicada, é de pesquisador Denis Kitchen, um dos maiores especialistas na obra de Capp e importante pesquisador e editor de HQs.”
